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OMS: varíola dos macacos pode ser controlada, mas depende de ação imediata

Por| Editado por Luciana Zaramela | 23 de Maio de 2022 às 17h50

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Stevanovicigor/Envato Elements
Stevanovicigor/Envato Elements

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou, nesta segunda-feira (23),que é possível conter o surto de casos da varíola dos macacos na Europa e na América do Norte, mas será necessária uma ação coordenada de vigilância entre os países. No momento, são investigados menos de 200 possíveis casos da infeção.

“Esta é uma situação controlável, particularmente nos países onde estamos vendo esses surtos", explicou infectologista e chefe do departamento de doenças emergentes, Maria Van Kerkhove, em entrevista coletiva sobre a doença.

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"Queremos parar a transmissão de humano para humano. Podemos fazer isso nos países não endêmicos", aposta a pesquisadora da OMS. Para tornar isso realidade, ela aponta para a necessidade de países adotarem ferramentas para identificação precoce de casos e estratégias de isolamento. Ações do tipo são importantes já que, a transmissão ocorre através do "contato físico próximo", completa a especialista da OMS.

Onde a infecção já é endêmica?

Vale lembrar que a varíola dos macacos é uma doença já conhecida há pelo menos 4 décadas e, nos últimos cinco anos, a Europa relatou casos esporádicos da infecção, relacionados com pessoas que viajaram para alguns países da África, onde a doença é endêmica.

No entanto, Rosamund Lewis, cientista e especialista em varíola da OMS, afirma que "esta é a primeira vez que vemos casos em vários países, de forma simultânea, em pessoas que não viajaram para as regiões endêmicas da África".

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A seguir, confira quais países lidam com esta infecção de forma endêmica:

  • Benin;
  • Camarões;
  • República Centro-Africana;
  • República Democrática do Congo;
  • Gabão;
  • Gana;
  • Costa do Marfim;
  • Libéria;
  • Nigéria;
  • República do Congo;
  • Serra Leoa;
  • Sudão do Sul.

No caso da República do Congo, a OMS investiga cerca de 1,2 mil casos da varíola dos macacos, registrados deste o começo do ano. No total, o país soma 58 óbitos relacionados com a infecção.

Mutação no vírus da varíola dos macacos?

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No momento, os pesquisadores não sabem qual a origem do surto de infecções da varíola dos macacos na Europa e na América do Norte. "Ainda não temos evidências de que haja mutação no próprio vírus", explicou a cientista Lewis.

Segundo a pesquisadora, virologistas avaliam as primeiras sequências genômicas do vírus identificadas em busca de possíveis respostas. A conclusão das análises pode ampliar a compreensão das causas do atual surto.

Faz sentido pensar na transmissão sexual?

Em relatório divulgado no último sábado (21), a OMS apontou para o fato de que muitas pessoas que contraíram a infecção são homens que fazem sexo com outros homens. "Com base nas informações atualmente disponíveis, os casos foram identificados principal, mas não exclusivamente, entre homens que fazem sexo com homens (HSH)", detalhou a OMS. No entanto, este não é único perfil de pessoas contaminadas.

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Nesta segunda (23), o especialista em doenças infecciosas da OMS, David Heymann, reforçou a ligação com a transmissão sexual, a partir de análises preliminares. “O que parece acontecer agora é que [a varíola dos macacos] entrou na população através do sexo, e está se espalhando assim como as infecções sexualmente transmissíveis, o que amplificou seu alcance em todo o mundo”, comentou Heymann.

Apesar da possível relação, Andy Seale, consultor dos programas globais de HIV, hepatite e infecções sexualmente transmissíveis da OMS, reforçou que "qualquer um pode contrair varíola dos macacos através de contato próximo". “Enquanto estamos vendo alguns casos entre homens que fazem sexo com homens, esta não é uma doença gay, como algumas pessoas nas mídias sociais tentaram rotulá-la", completou.

Fonte: France 24