OMS: telefone celular não tem nada a ver com câncer no cérebro
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |
A Organização Mundial da Saúde (OMS) sugeriu, com base em um estudo publicado na Environmental International no último dia 30, que não há relação entre o uso de celulares e o aumento do risco de câncer no cérebro. De acordo com a instituição, não há evidências definitivas desses efeitos adversos causados pela radiação emitida por telefones celulares. Ainda assim, o relatório ressalta a necessidade de mais pesquisas.
A radiação do celular pode causar câncer? Essa é uma questão antiga, que já vem protagonizando inúmeros artigos científicos.
No estudo mais recente, que consistiu em uma revisão de 63 artigos conduzidos entre 1994 e 2022 (depois de um "filtro" que passou por cerca de cinco mil artigos), os pesquisadores avaliaram se a radiofrequência usada em telefones celulares contribuiu para um risco maior de desenvolver condições como:
- Câncer cerebral
- Leucemia
- Câncer da glândula pituitária
- Câncer da glândula salivar
Resultado: apesar do aumento significativo no uso da tecnologia sem fio, os pesquisadores descobriram que não houve aumento correspondente na incidência de cânceres cerebrais.
Um ponto importante de se levar em consideração é que também não houve associação mesmo se o uso do telefone celular tiver sido prolongado (ou seja, por dez anos ou mais).
A frequência de uso (tanto no sentido de número de chamadas quanto no tempo gasto no telefone) também não fez diferença no risco de câncer cerebral.
“Nenhuma das principais questões estudadas mostrou riscos aumentados”, conclui o estudo.
Classificação da radiação
A radiação é atualmente classificada como "possivelmente cancerígeno" pela Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer, uma categoria usada quando a agência não pode descartar uma ligação potencial.
Tendo em mente as descobertas dessa nova revisão, a OMS agora quer que a classificação 2B seja reavaliada, já que a última vez foi em 2011. Os resultados dessa nova avaliação estão previstos para chegar a público no primeiro trimestre de 2025.
Câncer no cérebro
A estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) é que cerca de 11 mil novos casos de câncer do Sistema Nervoso Central (SNC), que inclui o cérebro e a medula espinhal, devem surgir por ano no Brasil.
O instituto diz que esse tipo de câncer representa de 1,4% a 1,8% de todos os tumores malignos do mundo, sendo que 88% dos casos são de câncer no cérebro, especificamente.
Fonte: Environmental International, American Society of Clinical Oncology, Inca