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Ômicron não consegue escapar totalmente da vacina, aponta estudo preliminar

Por| Editado por Luciana Zaramela | 08 de Dezembro de 2021 às 09h30

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Photocreo/Envato Elements
Photocreo/Envato Elements

O escape imunológico da variante Ômicron (B.1.1.529) do coronavírus SARS-CoV-2 é apenas parcial, segundo preprint — estudo científico sem revisão por pares — sul-africano. Em outras palavras, a cepa não consegue escapar, totalmente, dos anticorpos neutralizantes de quem recebeu as duas doses da vacina da Pfizer/BioNTech. Outros imunizantes contra covid-19 não foram testados nesta pesquisa.

O estudo foi desenvolvido por um conjunto de pesquisadores da África do Sul, como membros da Africa Health Research Institute (AHRI) e da University of KwaZulu-Natal, e de outros países, como o Max Planck Institute, na Alemanha. Entre os autores, está também o brasileiro Túlio de Oliveira, diretor do Centre for Epidemic Response & innovation (CERI).

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Vacinas funcionam contra a Ômicron

No estudo, os pesquisadores concluíram que a variante Ômicron pode escapar da imunidade de anticorpos induzida pela vacina da Pfizer, mas que uma imunidade considerável ainda é mantida em pessoas que foram vacinadas e/ou foram previamente infectadas.

“É provável que o resultado [desse escape imunológico] seja uma menor proteção induzida pela vacina contra as infecções", reflete Willem Hanekom, diretor-executivo do AHRI. Isso significa que o imunizante perde parte de sua eficácia, ou seja, há redução na capacidade de neutralização, mas ela ainda é boa e isso era algo esperado.

No momento, "a maioria dos vacinologistas concorda que as vacinas atuais ainda protegerão contra doenças graves e morte em caso de infecção pela variante Ômicron. Portanto, é fundamental que todos sejam vacinados", completou Hanekom.

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Interpretando as descobertas

Para a biomédica e divulgadora científica, Mellanie Fontes-Dutra, os dados da pesquisa preliminar apontam que o escape imunológico é menor tanto em pessoas vacinadas (2 doses) quanto em quem se recuperou de um caso da covid-19. Só que a pesquisa também aponta que o reforço vacinal "será importante".

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"A infecção anterior, seguida de vacinação ou reforço, provavelmente aumentará o nível de neutralização e provavelmente conferirá proteção contra doença grave na infecção pela Ômicron", concordam os autores do estudo, no preprint.

"O que é importante enfatizarmos aqui é que a imunidade não se perde. Anticorpos neutralizantes funcionam, imunidade celular também vai funcionar, porque células T de memória não são 'enganadas' tão facilmente por variantes", destaca Letícia Sarturi, pesquisadora e mestre em Imunologia.

No caso das células T de memória, elas são ativadas por pequenos fragmentos da proteína Spike (S) do coronavírus. "Então, mesmo que ocorram mutações, células T podem responder, porque nem todos os pedacinhos da proteína mutaram. Variantes são uma ameaça ao controle da pandemia, mas variantes não vão comprometer completamente o que ganhamos com a imunização", completa Sarturi.

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OMS aposta na proteção vacinal para Ômicron

"Temos vacinas altamente eficazes que se mostraram eficazes contra todas as variantes até agora, em termos de doença grave e hospitalização, e não há razão para esperar que não fosse assim" para Ômicron, afirmou Mike Ryan, médico e diretor do programa de Emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS). Isso vale para a Pfizer, mas para os outros imunizantes em uso também.

De acordo com Ryan, os dados iniciais ainda sugerem que a Ômicron não deixava as pessoas mais doentes do que o Delta e outras cepas já conhecidas. "Na verdade, a direção é para menos severidade", apontou sobre as primeiras impressões para a agência de notícias AFP.

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O estudo SARS-CoV-2 Omicron has extensive but incomplete escape of Pfizer BNT162b2 elicited neutralization and requires ACE2 for infection foi submetido à plataforma MedRxiv e, por enquanto, pode ser acessado aqui.

Fonte: Africa Health Research Institute e BBC