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O que sabemos sobre o Langya henipavirus, que preocupa a China

Por| Editado por Luciana Zaramela | 10 de Agosto de 2022 às 16h15

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Pressmaster/Envato Elements
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O que é o Langya henipavirus (LayV), novo vírus que causou problemas na China recentemente? Da família dos henipavírus, como o nome já indica, ele na verdade vem causando infecções desde 2018, tendo afetado pelo menos 35 pessoas até 2021. Até o momento, não há sinais de transmissão do LayV de pessoa para pessoa.

Ele é um vírus zoonótico, ou seja, é transmitido de animais para pessoas. Para o Langya, a suspeita é que o musaranho — um pequeno mamífero que come insetos — seja o hospedeiro natural principal. A infecção causa sintomas graves e potencialmente fatais em humanos, mas, segundo os cientistas, está bem longe de se tornar uma nova pandemia.

Uma descrição dos casos já detectados da doença foi publicada no periódico The New England Journal of Medicine, sendo que 26 deles foram monitorados em detalhes. Todos os pacientes tiveram febre, mas outros sintomas aparecem menos: 54% dos pacientes relataram fadiga, 50% tosse, 35% dor de cabeça e 35% vômitos. Anormalidades no fígado surgiram em 35% dos pacientes, e nos rins, em 8% deles. Não há relatos de morte.

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O gênero Henipavírus

A preocupação da comunidade científica vem do fato de que outros vírus do gênero henipavírus já causaram surtos e infecções sérias na Ásia e Oceania, como o Hendra henipavirus (HeV) e o Nipah henipavirus (NiV). A infecção pelo HeV é rara, mas a taxa de mortalidade fica em 57%, o que é altamente preocupante. Com o NiV, a taxa de mortalidade variou entre 40% e 70% entre 1998 e 2018. Ambos os vírus acometem os sistemas respiratório e neurológico.

Para modos de comparação, a letalidade desses vírus foi bem mais alta, durante seus surtos, do que a do recente SARS-CoV-2, embora este seja transmissível de humano para humano. Embora a alta letalidade seja preocupante, ela evita a disseminação, já que mata mais rápido do que se transmite, em um paradoxo pouco convidativo.

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A Rede Nacional de Vigilância de Vírus em Animais Silvestres (Previr) tem estudado sinais do henipavírus em morcegos no Brasil há anos, e, em 2017, foi publicado um artigo onde se relataram indícios de que morcegos do país pudessem ser hospedeiros do vírus. A confirmação disso não foi possível a partir das evidências coletadas, no entanto, e nenhum humano foi infectado até hoje em terras brasileiras.

Na China, todos os infectados moravam nas províncias de Shandong e Henan e não tiveram contato entre si, bem como não passaram pelos mesmos lugares. Nenhuma transmissão comunitária foi identificada. Como mais da metade dos doentes eram agricultores, é reforçada a ideia de que o patógeno foi passado por animais.

No caso da Nipah, os casos ocorreram por contato direto entre pessoas com morcegos e porcos infectados, com seiva ou suco de tamareiras infectadas por excrementos de morcego ou contato de pessoa para pessoa. Para a HeV e a NiV, não há terapias ou profilaxias aprovadas para humanos.

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Fonte: NEJM, VBZD, Ensaios e Ciência