O que os incêndios florestais têm a ver com o domínio da variante Delta nos EUA?
Por Natalie Rosa | Editado por Luciana Zaramela | 16 de Agosto de 2021 às 19h40
Incêndios florestais podem ter aumentando as infecções e mortes pela COVID-19, de acordo com um novo estudo realizado por pesquisadores de Harvard. Os cientistas relatam a descoberta de uma conexão entre a exposição à fumaça de incêndios florestais com aproximadamente 20 mil infecções e 750 mortes pela doença.
- Califórnia registra o 1º "gigafire" da era moderna; Brasil também tem queimadas
- Céu vermelho: o que explica o cenário apocalíptico-alienígena nos EUA?
- Estudo mostra efeitos das mudanças climáticas nas observações astronômicas
Com base em dados de pessoas expostas ao fogo entre os meses de março e dezembro de 2020, os pesquisadores concluíram que a exposição a incêndios florestais, e também a cigarros, prejudica o funcionamento do sistema imunológico. Por isso, essas pessoas se tornam mais vulneráveis à contaminação por alguma doença, como pela COVID-19.
Os cientistas explicam ainda que os incêndios florestais produzem um particulado chamado PM 2.5 que, mesmo pequeno, é altamente perigoso e pode prejudicar os pulmões. Então, com a exposição ao coronavírus, o desenvolvimento da doença pode se tornar mortal.
Para chegar a essas respostas, o estudo analisou os dados de incêndios obtidos pelo satélite da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOOA) e do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, buscando por infecções e mortes pela COVID-19 nas regiões afetadas por incêndios florestais.
As áreas mais danificadas foram o oeste do país, como nos estados de Washington e Califórnia, que registraram incêndios florestais históricos em 2020. Com a exposição à fumaça, houve o aumento de sintomas de asma, assim como de visitas em unidades de saúde. Na cidade californiana de Mono County, por exemplo, os moradores enfrentaram quatro dias seguidos com os níveis de PM 2.5 a mais de 500 microgramas por metro cúbico, classificado como um nível perigoso. Com incêndios controlados, o nível é de somente 6 microgramas por metro cúbico.
Com a alta propagação da variante Delta nos Estados Unidos, a preocupação é que a interação com os incêndios florestais que ainda afetam o país tornem o ano de 2021 tão mortal quanto foi 2020.
O estudo completo está disponível na revista científica Science.
Fonte: Futurism