O que é síndrome de Asperger? Saiba o que diz a ciência
Por Nathan Vieira | Editado por Luciana Zaramela | 27 de Dezembro de 2021 às 09h40
Você já ouviu falar da síndrome de Asperger? Identificada pelo pediatra austríaco Hans Asperger, trata-se de uma condição que faz parte do transtorno do espectro autista (TEA). Na prática, é considerada como um autismo leve, ou de nível um.
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Causas da síndrome de Asperger
Atualmente, ainda não há causas totalmente conhecidas para o transtorno do espectro autista, o que também se aplica, por sua vez, à síndrome de Asperger. No entanto, evidências sugerem predisposição genética ao transtorno. Em janeiro de 2020, um estudo publicado na revista científica Cell chegou a identificar 102 genes associados ao risco de autismo.
Na ocasião, uma equipe internacional de pesquisadores analisou mais de 35 mil amostras e usou uma técnica que examina o código genético. O artigo cita uma importante descoberta, principalmente em tempos de pandemia: não há ligação entre vacinação e o desenvolvimento de autismo.
Sintomas
Em entrevista ao Canaltech, dr. Clay Brites — pediatra, neurologista infantil e idealizador do Instituto NeuroSaber — explica que a síndrome de Asperger normalmente é diagnosticada na infância (8 a 12 anos de idade), e que os sinais ficam cada vez mais claros conforme a criança passa a ter dificuldades na vida social.
"O primeiro sinal é uma dificuldade de interagir socialmente de uma forma satisfatória como outras crianças. Então é aquela criança que tende a ficar mais no canto dela, tem um interesse um pouco diferente das outras crianças, demonstra desde cedo um gosto excepcional a assuntos ligados à vida acadêmica [como letras, números, ciência]", descreve o especialista.
Vale ressaltar que, apesar de ser identificada principalmente na infância, a síndrome não afeta apenas o público infantil, e pode ser diagnosticada em muitos profissionais no mercado de trabalho. Os principais sintomas de Asperger envolvem:
- Introspecção e problemas com habilidades sociais
- Comportamentos excêntricos ou repetitivos
- Práticas e rituais incomuns
- Dificuldades de comunicação
- Interesse intenso e quase obsessivo em algumas atividades
- Problemas de coordenação
- Inteligentes excepcional voltada a uma determinada área
Tratamento
Segundo dr. Brites, o tratamento da síndrome de Asperger se baseia em psicoterapia comportamental voltada para o treinamento em habilidades sociais. O neurologista recomenda que a família e o próprio paciente devem receber orientações de como lidar com o quadro em si para saber lidar com as suas dificuldades.
"O indivíduo com síndrome de Asperger tem dificuldade em perceber a malícia das pessoas e costuma falar com muita honestidade, não sabe fingir e nem se proteger em situações onde o ambiente social é de risco. É importante trabalhar comunicação não-verbal e processos de comunicação que envolvem emoções e sentimentos", afirma.
Em alguns casos, pode ser necessário o uso de medicações. De acordo com o especialista, isso se deve ao fato de que as crianças com essa síndrome têm uma tendência maior ao transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), transtornos de ansiedade e oscilações bruscas de humor.
Diferenças entre os níveis do espectro autista
Diferente dos demais níveis do transtorno do espectro autista, a pessoa com síndrome de Asperger possui mais autonomia, se interessa pela vida social, embora de um jeito muito particular, e tem uma evolução da fala relativamente normal, sob o ponto de vista clínico. Os outros níveis de autismo costumam levar a um comprometimento da linguagem, o que leva o paciente a depende de uma interação maior dos responsáveis.
Fonte: Com informações de Healthline, Cell, Unifesp