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O que é ozonioterapia e para que serve?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 14 de Agosto de 2020 às 14h45

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Reprodução: Tobias Dahlberg /Pixabay
Reprodução: Tobias Dahlberg /Pixabay

No início de agosto, Volnei Morastoni, prefeito da cidade de Itajaí, em Santa Catarina, virou notícia ao sugerir que um tratamento chamado ozonioterapia seria eficaz contra a COVID-19.

"É uma aplicação simples, rápida, de dois ou três minutinhos por dia, provavelmente vai ser uma aplicação via retal. É uma aplicação tranquilíssima, rapidíssima, de dois minutos com cateter fino, e isso dá um resultado excelente. A pessoa tem que fazer durante 10 dias seguidos, são 10 sessões de ozônio, e isso ajuda muitíssimo, provavelmente, os casos de coronavírus positivo", disse o prefeito.

O suposto tratamento para a doença, responsável pela pandemia que se iniciou em março deste ano, virou motivo de piada nas redes sociais, mas ele já é usado para cuidados terapêuticos de doenças do coração, artrite, HIV, SARS, câncer, degeneração macular, desinfecção de feridas e ativação do sistema imunológico.

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O ozônio também é usado para combater as doenças respiratórias por empresas especializadas, como a Wier, que usa o gás contra a proliferação de vírus, bactérias e fungos em ambientes fechados. A companhia diz que a limpeza feita com ozônio é 40% mais rápida, sendo mais eficiente para combater sintomas respiratórios.

"Por ser um gás, o ozônio consegue se espalhar por todo o ambiente onde é aplicado e alcançar lugares que uma limpeza convencional não consegue, proporcionando assim uma sanitização real do ambiente. A aplicação do ozônio é simples e ocorre por meio de um equipamento chamado Gerador de Ozônio, o qual é compacto, de uso simples e intuitivo", conta Dr. Bruno Mena Cadorin, CEO da companhia.

O que é a ozonioterapia? Funciona?

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Mas do que estamos falando é do uso médico do ozônio, através da ozonioterapia, e antes de entender essa técnica precisamos saber que ele se trata de um gás parecido, molecularmente, com o oxigênio — porém com um átomo a mais. Não tem cor, conta portanto com três átomos de oxigênio e pode ser tanto inofensivo quanto perigoso.

Segundo estudo do site Medical News Today, a inalação do gás de ozônio pode ser prejudicial à saúde, provocando irritação na garganta e nos pulmões, tosse e piora nos sintomas da asma, e também pode ser fatal caso haja a exposição em altas quantidades. Na atmosfera, uma camada de ozônio protege a Terra da radiação UV provocada pelo Sol, mas uma vez perto do solo, pode ser um perigoso poluente do ar.

De acordo com o Ministério da Saúde, a prática da ozonioterapia tem a sua segurança comprovada e reconhecida como uma prática integrativa e complementar de baixo custo, e a aplicação tem finalidade terapêutica contra diversas doenças.

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"O ozônio medicinal, nos seus diversos mecanismos de ação, representa um estímulo que contribui para a melhora de diversas doenças, uma vez que pode ajudar a recuperar de forma natural a capacidade funcional do organismo humano e animal. Alguns setores de saúde adotam regularmente esta prática em seus protocolos de atendimento, como a odontologia, a neurologia e a oncologia, dentre outras", diz a informação oficial do Ministério da Saúde.

Segundo uma pesquisa publicada no Portal Regional da BVS, foi concluído que o ozônio é eficaz na inativação in vitro de diversos microorganismos, como bactérias e vírus que surgem em infecções hospitalares, mas que o seu uso em procedimentos de desinfecção e esterilização de ambientes hospitalares "não está bem estabelecido".

Aplicação

A ozonioterapia consiste na administração de ozônio nas seguintes formas:

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  • Diretamente no tecido - Com o ozônio sendo aplicado diretamente na pele, cria-se uma cobertura protetora em feridas;
  • Intravenosa - A aplicação via intravenosa é usada em tratamentos de doenças internas, como o HIV. O procedimento consiste na retirada de sangue, que é misturado com gás ozônio e devolvido ao corpo. O uso do método, no entanto, traz riscos de embolia, causada pela formação de bolhas de ar;
  • Intramuscular - A ozonioterapia pode ser aplicada em forma de injeção intramuscular, com o gás ozônio sendo misturado, muitas vezes, com oxigênio.

Efeitos colaterais 

Pessoas que passam pela ozonioterapia costumam relatar efeitos colaterais semelhantes aos da gripe, com sintomas ficando mais intensos com o tempo. No caso da aplicação pelo reto, o paciente pode sentir desconfortos, cãibras e gases em excesso, porém tudo isso é temporário. Vale reforçar que o ozônio nunca deve ser inalado, pois pode queimar, provocar tosse, náuseas, vômito e dores de cabeça, e em casos mais graves, complicações respiratórias.

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Então, o ozônio é eficaz contra o novo coronavírus?

Por mais que a ozonioterapia já tenha apresentado resultados efetivos para as aplicações já comprovadas como benéficas em variados ramos da medicina, não há nenhum indício que a técnica, em todas as suas formas, seja capaz de tratar ou mesmo prevenir a COVID-19.

Em nota do Portal Regional da BVS, os especialistas afirmam não haver comprovação de efeitos do uso da ozonioterapia em pacientes infectados pelo SARS-CoV-2, "e não deve ser recomendado como prática clínica ou fora de contexto de estudos clínicos". A Sociedade Brasileira de Infectologia, ainda em fevereiro deste ano, publicou uma nota técnica afirmando que "não há qualquer evidência científica que a ozonioterapia proteja contra a COVID-19".

Fonte: Ministério da Saúde, Medical News Today, Healthline, SBI, BVS