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O que é morrer de velhice e por que é importante saber a causa da morte?

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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antoniohugophoto/Envato
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Recentemente, soubemos que a ex-monarca do Reino Unido, Elizabeth II, faleceu "de velhice" por conta de sua certidão de óbito, que não dá maiores explicações sobre sua condição de saúde. Será possível morrer clinicamente de velhice atualmente, no século XXI, ou será apenas discrição da família real britânica? Façamos um tour pela história dessa curiosa causa mortis.

Nos tempos atuais, no Reino Unido, as causas principais de morte são demência, Alzheimer, doenças cardíacas, câncer, covid-19 e condições cerebrovasculares, como derrames. Doenças respiratórias também figuram no topo, com influenza, pneumonia e condições respiratórias aéreas crônicas, como asma. Morrer de velhice figura junto a descrições vagas, como "fragilidade" e "condições, sinais e sintomas mal definidos".

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Morrer de velhice na história

No Reino Unido do século XIX, morrer "de velho" era uma das principais causas de morte, junto à descrição comum e também vaga "encontrado morto". Em meados do mesmo século, no entanto, o registro da morte passou da responsabilidade clerical, da igreja, para a secular, do estado, com a Lei de Registro de Nascimentos e Óbitos de 1836. Na mesma época, o estatístico e demógrafo francês Jacques Bertillon publicou sua classificação de causas de morte.

Ian Hacking, um filósofo canadense, escreveu ironicamente que não era possível morrer de qualquer coisa que não estivesse na lista de Bertillon, ou seja, seria "ilegal" morrer de velhice. Apesar do tom de piada, a sugestão é importante e séria: ter uma causa da morte clara e precisa ajuda a notar tendências na mortalidade, o que pode levar a investigações médicas e leis protetivas a várias camadas populacionais.

Morrer de velhice acabou se tornando um último recurso para descrever causas desconhecidas de morte ou quanto a causa derivou de inúmeras complicações, quando não é mais prático ou ético realizar uma autópsia para descobrir a razão exata do falecimento. Ao longo dos séculos XX e XXI, no entanto, a morte de velhice foi caindo em ocorrências, tanto por razões médicas quanto pela falta de resolução que as famílias recebiam com a notícia.

De acordo com pesquisadores, as famílias enlutadas continuam cultivando laços com seus entes queridos após sua morte: saber a causa do falecimento é parte de como os mortos são lembrados, ajudando a lidar com a dor e a memória de quem já se foi. No caso de Elizabeth II, é possível que a família saiba mais detalhes sobre seu falecimento, deixado privativo com a causa de morte misteriosa e já pouco utilizada.

Seria interessante para nós saber a causa específica do falecimento da monarca, já que ela teve uma vida privilegiada e longa, de 96 anos — isso poderia nos ajudar a entender melhor os resultados de uma vida saudável e quais hábitos podem ajudar a prolongá-la. Seria um tanto macabro, no entanto, exigir detalhes sobre a passagem de Elizabeth II à sua família, não é?

Fonte: The Conversation