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O que é coordenação motora? É possível não tê-la?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 12 de Abril de 2022 às 17h19

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ratmaner/envato
ratmaner/envato

É muito comum ouvir alguém falar que simplesmente não tem coordenação motora. Mas será que isso é possível? Para chegar a essa clareza, é necessário primeiro compreender o conceito. Segundo um estudo publicado na revista científica Brazilian Journal of Development, trata-se da capacidade de se usar de forma eficiente os músculos esqueléticos, permitindo dominar o corpo no espaço em que se vive, controlando assim os movimentos.

Na prática, a coordenação motora pode ser considerada como um resultado da interação entre os sistemas muscular, esquelético, nervoso e sensorial, e de acordo com o artigo conduzido por pesquisadores da Atenas College University (Porto Rico, EUA), pode ser percebida através de atividades como: pular, rastejar, escrever e rolar, sendo trabalhada desde a infância.

A aquisição das habilidades motoras costuma acontecer dentro do ambiente familiar, salvo algumas que são adquiridas nos primeiros anos de escolarização. Segundo os pesquisadores, para a construção de cada habilidade motora deve haver um momento específico ou uma sequência de oportunidades em que as condições sejam propícias para o aprendizado.

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O que é coordenação motora fina

Os especialistas costumam atribuir duas classificações possíveis para a coordenação motora, de acordo com o nível de delicadeza das atividades. A coordenação motora fina é relacionada a pequenos músculos e habilidades mais delicadas (desenhar, pintar e manusear objetos pequenos).

Segundo o Instituto NeuroSaber, é imprescindível o treinamento logo na primeira infância, ainda que voltando a atenção a todas as etapas que correspondam a determinada idade. Além disso, o trabalho com esse conjunto de habilidades corresponde à função de colocar em prática algumas competências fundamentais para o desenvolvimento cognitivo, como a atenção, a sustentabilidade da atenção, a memória e a imitação.

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Os especialistasa recomendam alguns materiais que podem ser utilizados para auxiliar no desenvolvimento da coordenação motora fina, como por exemplo:

  • Massinha de modelar, já que as crianças podem manusear, apertar, fazer bolinhas, utilizar força nas mãos
  • Papel, que a criança pode amassar ou rasgar, o que gera trabalho de movimentos simultâneos e alternados
  • Fios e barbantes, que as crianças podem brincar de fazer colar, pulseira e outros itens, estimulando a criatividade
  • Tinta, que os pequenos podem usar para fazer desenhos com a mão, com pinceis ou esponjas

O que é coordenação motora grossa

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Por sua vez, a coordenação motora grossa é relacionada a grupos grandes de músculos e diretamente ligada à capacidade para realizar atividades esportivas. Envolve habilidades menos delicadas (pular, subir e descer escadas). O Instituto NeuroSaber aponta que essa forma de coordenação motora se refere a atividades recreativas que movimentam o corpo de uma maneira mais ampla.

Para ampliar o leque de possibilidades de atividades para desenvolver a coordenação motora grossa, os especialistas ressaltam a importância de estimular as funções musculares das crianças, com direito a atividades ao ar livre e recomendam uma série de materiais, como:

  • Bolas, que podem favorecer os movimentos das mãos e dos pés
  • Bambolês, em que a criança percebe a movimentação de diferentes partes do corpo durante a brincadeira, como os quadris, os braços
  • Cordas, para estimular o movimento corporal e introduzir à prática de atividade física

É possível "não ter" coordenação motora?

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É possível não ter a coordenação motora, condição que é chamada pela medicina de ataxia — que pode surgir como dificuldade ou incapacidade de manutenção da coordenação motora, geralmente comprometida por danos no cérebro, nos nervos ou nos músculos. A Ataxia pode ser hereditária, adquirida ou até mesmo idiopática.

  • Hereditária: condição genética que passa de pais para filhos;
  • Adquirida: condição que aparece sem nenhum componente genético envolvido;
  • Idiopática: condição que se manifesta sem uma causa conhecida, não associada a nenhuma outra doença.

Pessoas com esse transtorno neurológico não são capazes de controlar seus movimentos voluntários, não se equilibram facilmente e têm dificuldades para executar tarefas como andar, escrever, falar e pegar objetos. Geralmente, a ataxia advém de outras condições, como paralisia cerebral, malformações, infecções, fatores genéticos ou até mesmo em decorrência do uso excessivo de drogas.

Sintomas da ataxia

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  • Falta de coordenação nos movimentos;
  • Dificuldade de segurar objetos;
  • Tremores excessivos;
  • Movimentos irregulares dos olhos;
  • Fala arrastada ou embolada;
  • Dificuldade para manter-se em equilíbrio;
  • Dificuldade na marcha;
  • Dificuldade de engolir.

Já a dispraxia, ou Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC), pode ser considerada como um distúrbio neurológico que afeta a capacidade de planejar e processar as tarefas motoras.

A condição se mostra através de problemas de linguagem e percepção, afetando até mesmo a aprendizagem em crianças, e costuma ser mencionada como uma "imaturidade da organização do movimento", o que quer dizer que o cérebro não processa informações de uma maneira que permita uma transmissão completa de mensagens neurais.

De acordo com o National Health Service (NHS), do Reino Unido, muitas crianças com dispraxia também apresentam transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).

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Sintomas da dispraxia

Os especialistas indicam que a dificuldade para desenvolver determinadas habilidades motoras normalmente é descoberta na escola, onde o professor dirige um olhar cauteloso para a dificuldade do aluno de realizar as atividades indicadas, como pintar dentro de uma determinada forma, por exemplo. Os primeiros sinais incluem:

  • Problemas em realizar pequenos movimentos, como amarrar cadarços, usar talheres, escrever
  • Dificuldades para se vestir sozinho
  • Dificuldades em pular, jogar amarelinha, pegar uma bola, chutar uma bola
  • Problemas com movimentos em sala de aula, como usar tesouras, colorir, desenhar, montar quebra-cabeça
  • Dificuldade para se concentrar em uma coisa por muito tempo
  • Dificuldade para subir e descer escadas
  • Tendência a esbarrar e derrubar coisas
  • Dificuldade em aprender novas habilidades

Conforme a criança cresce, outros sintomas podem surgir, como:

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  • Tendência a evitar esportes
  • Dificuldade em escrita e matemática
  • Demorar muito tempo para escrever
  • Não seguir instruções
  • Não se lembrar das instruções
  • Desorganização

No entanto, a dispraxia também pode fazer parte da vida adulta, e pode ser notada através de algumas características:

  • Má postura e fadiga
  • Problemas para completar tarefas normais
  • Dificuldade para escrever e desenhar
  • Discurso pouco claro, com ordem das palavras confusa
  • Movimento desajeitado e tendência a tropeçar
  • Dificuldade em planejar e organizar pensamentos e tarefas
  • Baixa autoestima
  • Dificuldade em dormir
  • Dificuldade em distinguir sons do ruído de fundo
  • Notável falta de ritmo ao dançar ou se exercitar

Tratamento

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É necessário que o indivíduo passe por um acompanhamento com um neurologista e uma equipe multidisciplinar (fonoaudiólogos, fisioterapeutas, ortopedistas, etc.). Os especialistas ressaltam que, quanto mais cedo o diagnóstico for realizado, ainda na infância, melhor será o prognóstico. Para as duas condições, o tratamento pode envolver terapia ocupacional (que ajuda a criança a desenvolver habilidades específicas para atividades diárias que consideram difíceis) e terapia da fala e linguagem, com um fonoaudiólogo. Dependendo do caso, o médico neurologista pode receitar medicamentos antiespasmódicos.

Fonte: Developmental-Behavioral PediatricsBrazilian Journal of Development, Instituto NeuroSaber (1, 2), Medical Nes TodayTua SaúdeNHS