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Novo estudo aborda evolução e disseminação epidêmica do SARS-CoV-2 no Brasil

Por| 24 de Julho de 2020 às 14h20

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Mattthewafflecat/Pixabay
Mattthewafflecat/Pixabay

Na quinta-feira (23), a revista científica Science publicou um artigo inédito sobre as características de disseminação do novo coronavírus (SARS-CoV-2) no Brasil. Intitulado Evolution and epidemic spread of SARS-CoV-2 in Brazil, o artigo  é fruto de um estudo do Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IMT-FM-USP), em parceria com a Universidade Oxford, no Reino Unido.

Basicamente, o estudo traz duas principais conclusões sobre a forma como o novo coronavírus começou a se espalhar pelo Brasil.  A primeira mostra que a transmissão do novo coronavírus foi causada por três cepas diferentes do SARS-CoV-2, todas vindas da Europa. A segunda indica que a disseminação ocorreu inicialmente dentro das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, avançou pelo interior destes estados e, depois, chegou a outras regiões por pessoas contaminadas que viajaram de avião.

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“O estudo nos traz informações sobre a trajetória de disseminação do vírus pelo território brasileiro. Concluímos que o vírus foi levado a partir de centros urbanos como São Paulo e Rio de Janeiro por transporte aéreo interestadual para regiões como Amazonas, Pará e Ceará, o que também nos ajuda a entender a explosão de casos de COVID-19 nesses estados logo no início da pandemia no Brasil”, explica Celso Granato, diretor clínico do Grupo Fleury e um dos coautores da pesquisa. “Essa informação é importante também porque conseguimos avaliar a eficácia das medidas de controle da epidemia que foram adotadas no Brasil, como, por exemplo, os deslocamentos de pessoas por voos domésticos”, completa.

As conclusões foram tiradas a partir do sequenciamento genético de material recolhido em 427 amostras de exames positivos para SARS-CoV-2, realizado pelo método tipo RT-PCR. As amostras foram coletadas entre 5 de março e 30 de abril de 2020, em 18 estados brasileiros.

Evolução de SARS-CoV-2

"Atualmente, o Brasil tem uma das epidemias de SARS-CoV-2 de mais rápido crescimento no mundo. Devido aos limitados dados disponíveis, as avaliações do impacto de intervenções não farmacêuticas (NPIs) na disseminação de vírus continuam desafiadoras. Usando um modelo de transmissão orientado à mobilidade, mostramos que os NPIs reduziram o número de reprodução em São Paulo e no Rio de Janeiro", aponta a descrição do estudo.

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"Estimamos que a maioria (76%) das cepas brasileiras caiu em três categorias introduzidas na Europa entre 22 de fevereiro e 11 de março de 2020. Durante a fase inicial da epidemia, descobrimos que o SARS-CoV-2 se espalhava principalmente nas fronteiras locais e dentro do estado. Após esse período, apesar das fortes quedas nas viagens aéreas, estimamos várias exportações de grandes centros urbanos que coincidiram com um aumento de 25% na distância média percorrida em vôos nacionais", o resumo do artigo ainda aponta.

"Este estudo lança um novo olhar sobre a transmissão epidêmica e as trajetórias evolutivas das linhagens de SARS-CoV-2 no Brasil e fornece evidências de que as intervenções atuais permanecem insuficientes para manter a transmissão do vírus sob controle no país", conclui.

Fonte: Science