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Novo anticoncepcional tem 100 microagulhas que penetram na pele (e não dói)

Por| 13 de Novembro de 2019 às 19h00

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Christoph Burgstedt/istock
Christoph Burgstedt/istock

É longa a relação de amor e ódio das mulheres com as pílulas anticoncepcionais: se por um lado libertaram a sexualidade feminina, por outro trouxeram inúmeros problemas de saúde por conta da alta dosagem de hormônios sintéticos na sua composição. Hoje, suas dosagens hormonais são bem mais baixas e, quando indicadas por um profissional de saúde, apresentam riscos relativamente baixos se comparados a quatro décadas atrás.

Mesmo assim, tomar uma pílula dia sim e outro também pode não ser o método contraceptivo feminino mais eficiente, ainda mais em regiões com menos acesso à saúde pública, como a Nigéria. Além do gel anticoncepcional masculino, pesquisadores já testaram as curiosas "joias farmacêuticas": os adesivos contraceptivos. E eles não se cansam. Estão sempre em busca de novas possibilidades.

Agora, a equipe do Instituto de Tecnologia da Geórgia estuda, em laboratório, um método científico com nanotecnologia envolvida: um adesivo temporário que injeta 100 microagulhas biodegradáveis na pele da usuária — e que continua a agir no organismo feminino por até 60 dias. 

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Como funciona?

Nanotecnologia pura. Segundo o artigo publicado na Science Advances, a ideia do dispositivo é que as mulheres possam aplicar o adesivo em casa, numa alternativa eficiente de contraceptivo de longa duração, potencialmente sem complicações, nem injeções ou implantes.

Após pressionar manualmente o adesivo na pele por um minuto, as microagulhas penetram, sem dor e sem deixar grandes sinais da aplicação, nas suas camadas superiores. A partir de então, as pequenas agulhas (que encapsulam o medicamento) se separam rapidamente do adesivo, fixado na pele, graças a uma reação química. E é aí que o contraceptivo começa a agir.

Com cerca de meio milímetro de comprimento e 0,01 milímetro de largura na ponta, cada agulha possui uma pequena dose de levonorgestrel, hormônio utilizado com sucesso em implantes (DIU) e pílulas anticoncepcionais orais. Ele é liberado lentamente à medida que a microagulha se degrada. O adesivo em si tem meio centímetro quadrado.

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Normalmente, os contraceptivos com ação prolongada devem ser administrados por profissionais, mas o novo modelo pode ser auto-administrado até em casa, afirma Mark Prausnitz, um dos responsáveis pelo estudo no Instituto de Tecnologia da Geórgia. Mais prático, o pequeno adesivo pode ser colado uma única vez, agindo por um determinado prazo.

Testes em laboratório

Por enquanto, a equipe da Geórgia testou o adesivo em roedores e, nos resultados iniciais, descobriu que mais de 90% das microagulhas se desprenderam após 50 segundos em média, tempo necessário para se fixarem no tecido epitelial do animal e iniciarem sua ação no organismo. 

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Para ver quão bem o adesivo funcionaria em seres humanos, a equipe testou em 10 mulheres usando um placebo, que não continha levonorgestrel. As microagulhas se desprenderam para entrar no corpo humano tão bem quanto nas ratas.

O próximo passo para os pesquisadores será o teste de uma versão do adesivo com o contraceptivo hormonal em mulheres. É importante saber se os resultados do trabalho percebidos em ratos se traduzirão da mesma forma em seres humanos.

Como parte dos estudos, foram desenvolvidos grupos de discussão com mulheres dos Estados Unidos, da Índia e da Nigéria sobre o uso do possível medicamento. Segundo os dados colhidos, a maioria delas optaram pelo adesivo com microagulhas biodegradáveis no lugar de uma injeção mensal de hormônios ou do uso diário da pílula.

Fonte: NewScientist