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Novas variantes do coronavírus podem infectar ratos; isso é perigoso?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 01 de Abril de 2021 às 15h20

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Twenty20photos/Envato Elements
Twenty20photos/Envato Elements

Além dos humanos, pesquisadores sabiam da capacidade do novo coronavírus (SARS-CoV-2) em infectar outras espécies, como macacos, morcegos e felinos. Agora, a lista de potenciais hospedeiros do agente infeccioso cresceu e passa a incluir ratos, iguais aos adotados em ensaios de laboratório, de acordo com novo estudo sobre a COVID-19.

Publicado como preprint — artigo sem revisão por pares — na plataforma online bioRxiv, o estudo descobriu que não são todas as variantes do coronavírus capazes de contaminar os ratos, apenas algumas que apresentam mutações específicas na proteína S (os spikes da membrana viral), como a alteração N501Y. Durante a análise, as cepas B.1.351 (identificada na África do Sul) e P.1 (surgida em Manaus, no Brasil) conseguiram contaminar os animais.

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Em contrapartida, o coronavírus ancestral — aquele identificado pela primeira vez em Wuhan, na China — não conseguiu contaminar os ratos no laboratório. O mesmo aconteceu com a variante B.1.1.7, conhecida por se espalhar na Europa. Vale explicar que, no experimento, o agente infeccioso era introduzido diretamente nas no trato respiratório superior dos animais, ou seja, era elevadíssima a possibilidade de infecção.

Dentro dos casos confirmados, "nenhum dos roedores infectados com vírus [da COVID-19] desenvolveu sintomas nem perdeu peso", apontaram os pesquisadores no artigo. No entanto, foi possível identificar que o agente infeccioso estava ativo no pulmão dos animais. Dessa forma, estes ratos apresentaram infecções assintomáticas do coronavírus.

Roedores com COVID-19 representam risco para grandes cidades?

Por mais que os ratos possam contrair a COVID-19, os roedores não representam um risco imediato para os humanos, nem em grandes cidades, como São Paulo e Nova Iorque, onde vivem em esgotos, expostos a dejetos contaminados. Independente disso, a descoberta acende um alerta vermelho para os pesquisadores sobre as mutações do coronavírus e os possíveis impactos na pandemia. Afinal, as variações têm ampliado a capacidade do agente infeccioso em contaminar outras espécies.

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No entanto, uma das limitações da pesquisa é que as infecções ocorreram em laboratório, em um ambiente controlado. Só que ratos salvagens podem, potencialmente, nunca entrar em contato com o coronavírus. Se os roedores não se contaminarem, o vírus jamais se multiplicará nesta espécie.

Além disso, não se sabe se é possível a transmissão de humanos para roedores e vice-versa. “O que nossos resultados enfatizam é ​​que é necessário avaliar regularmente a gama de espécies que o vírus pode infectar, especialmente com o surgimento de novas variantes”, explicou o Dr. Xavier Montagutelli, veterinário do Instituto Pasteur, em Paris, e um dos autores do estudo, para o jornal The New York Times.

Pesquisas anteriores já apontaram que os visons podem ser infectados pelo coronavírus a partir de humanos e, por sua vez, podem retransmitir a infecção. Diante deste cenário e dos possíveis riscos relacionados à COVID-19, a Dinamarca anunciou que abateria cerca de 17 milhões de visions, criados em cativeiro. Além disso, a variante B.1.1.7 pode desencadear problemas cardíacos em cães e gatos domesticados.

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Ratos podem ser novo reservatório do coronavírus (e fonte de pesquisa)

Caso o coronavírus contamine os roedores na natureza, existe a possibilidade do agente infeccioso se espalhar entre eles e, potencialmente, evoluir para novas variantes mais virulentas, por exemplo. Em um segundo momento, essa cepa poderia ser transmitida para uma pessoa que entrou em contato com o animal e causar mais danos que a infecção normal da COVID-19. No entanto, essa situação é apenas hipotética.

"Esta revogação da barreira de espécies [transmissão além de humanos] aumenta a possibilidade de reservatórios secundários de roedores selvagens", afirma os pesquisadores. Por outro lado, "fornece novos modelos experimentais para estudar a fisiopatologia de doenças e contramedidas", completam os autores do estudo. Em outras palavras, novos estudos poderão ser feitos e a ciência ampliará suas descobertas.

"A capacidade dos vírus das variantes B.1.351 ou P.1 de se replicar em ratos de laboratório comuns facilitará estudos in vivo nesta espécie, para avaliar contramedidas (vacinas ou intervenções terapêuticas), bem como a reatividade cruzada de anticorpos e proteção cruzada de vacinas, e para estudos funcionais usando cepas de camundongos geneticamente modificados", concluem os autores.

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Para acessar o artigo científico sobre os ratos de laboratório contaminados pelo coronavírus, publicado na plataforma online bioRxiv, clique aqui.

Fonte: NYT