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Nova vacina contra covid pode ser feita com células do sangue do paciente

Por| Editado por Luciana Zaramela | 17 de Março de 2022 às 16h20

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FabrikaPhoto/Envato Elements
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Uma equipe de cientistas canadenses desenvolveu um novo tipo de vacina que poderá ser usada, no futuro, contra a covid-19 e outras doenças emergentes. Testado em roedores, o potencial imunizante usa glóbulos vermelhos (hemácias ou eritrócitos) editados em laboratório. Na versão final, carregam fragmentos do vírus.

Publicado na revista científica PLOS One, o estudo para a nova tecnologia de vacina foi desenvolvida por pesquisadores da Universidade McMaster, no Canadá. No experimento, foi possível identificar que o imunizante desencadeou a produção de anticorpos contra o vírus da covid-19 (soroconversão).

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"Essa plataforma baseada em glóbulos vermelhos pode abrir novas possibilidades terapêuticas contra doenças causadas pelo coronavírus, incluindo [novas] variantes, e outros vírus no futuro", escrevem os autores do estudo.

Como funciona a vacina de glóbulos vermelhos?

Na formulação da potencial vacina, os cientistas usam os glóbulos vermelhos do paciente — na atual etapa de desenvolvimento da tecnologia, dos roedores. Estas células do sangue são coletadas e, em seguida, são editadas em laboratório. No processo, proteínas da membrana do coronavírus (spike) foram "cravejadas" na superfície das hemácias.

“Pegamos glóbulos vermelhos e removemos tudo de dentro. Em seguida, anexamos proteínas de pico ao exterior para simular [a estrutura de] um coronavírus”, explica Isabella Passos-Gastaldo, principal autora do artigo e estudante de pós-graduação na universidade, em comunicado.

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Células sanguíneas "inteligentes"

"Essa plataforma torna nossas próprias células sanguíneas inteligentes de muitas maneiras diferentes. Neste caso, é uma vacina. Estamos usando nossas próprias células como nanorrobôs dentro de nossos corpos e sempre que eles veem uma doença, eles podem combatê-la”, explica Maikel Rheinstadter, um dos desenvolvedores da nova tecnologia e pesquisador da Universidade McMaster.

Apesar da comparação, vale explicar que os glóbulos vermelhos editados não podem ser controlados de forma externa por profissionais da saúde, por exemplo.

Menor risco de efeitos colaterais

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“Os métodos atuais de entrega de vacinas, geralmente, causam reações intensas no sistema imunológico e têm respostas de curta duração”, comenta Rheinstadter. “Algumas das vacinas que foram desenvolvidas [contra a covid-19] causaram efeitos colaterais [na maioria dos casos, leves]. Esta plataforma de entrega abre novas possibilidades para vacinas e terapias", reforça o cientista.

Segundo os autores do estudo, a potencial vacina causou efeitos colaterais mínimos quando testada nos camundongos. Outro benefício é que a estratégia permite a criação de células modificadas de forma rápida e relativamente simples, o que pode facilitar adaptações futuras.

“Desenvolvemos um método onde podemos desencadear uma resposta imune, sem o uso de material genético [do agente infeccioso], e ainda assim conseguimos sintetizar essas partículas em um período muito curto”, aponta Sebastian Himbert, outro pesquisador envolvido no estudo.

"Com um grande número de vírus semelhantes [ao coronavírus SARS-CoV-2] circulando em morcegos e camelos, e o surgimento de variantes, a possibilidade de surtos adicionais representa grandes ameaças à saúde pública global", completam os autores. A equipe espera que, no futuro, a tecnologia esteja pronta para o uso humano.

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Fonte: PLOS One e Universidade McMaster