Nova linhagem do coronavírus foi descoberta no Rio de Janeiro
Por Fidel Forato | 23 de Dezembro de 2020 às 20h30
Vírus vivem em constante mutação — inclusive o novo coronavírus (SARS-CoV-2). No cenário da pandemia da COVID-19, algumas variações da cepa original já foram identificadas, como aconteceu recentemente no Reino Unido. Agora, pesquisadores brasileiros verificaram a existência de uma nova variação também aqui no país, mais especificamente no Rio de Janeiro.
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Coordenada por cientistas da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e do LNCC (Laboratório Nacional de Ciência da Computação), estudo genômico sobre o coronavírus identificou uma nova linhagem. Essa nova variação se originou da linhagem B.1.1.28 e, até o momento, é composta por cinco mutações do coronavírus.
De acordo com os pesquisadores, essa nova linhagem do coronavírus não é mais agressiva e nem mais contagiosa que as outras variantes já identificadas. Além disso, não há nenhum indício de que essa mutação resista às vacinas contra a COVID-19.
Variação do coronavírus no RJ
Dos 180 genomas virais analisados pelo grupo de pesquisadores, vindos de diferentes municípios do Rio de Janeiro, a nova variação foi identificada em 38 deles. De acordo com a pesquisadora Ana Tereza Ribeiro de Vasconcelos, geneticista e coordenadora do LNCC, o surgimento da nova linhagem ocorreu em julho de 2020 e ela foi registrada, principalmente, em Cabo Frio, Niterói e Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
"Não temos evidências de que essa mutação represente um perigo maior. Mas ela mostra que o coronavírus circula com intensidade no estado, que as medidas de distanciamento social e a vigilância são fundamentais", comentou a geneticista para o jornal O Globo.
"Salientamos que não há motivo para pânico. Vírus estão sujeitos a mutações. A identificação dessa linhagem mostra que devemos intensificar a testagem e a vigilância genética. A descoberta também evidencia a importância das medidas de distanciamento social e o uso de máscara", pontuou Amilcar Tanuri, um dos cientistas envolvidos na pesquisa genética.
Financiada pela Faperj e Ministério da Ciência e Tecnologia, a pesquisa ainda aguarda publicação em uma revista científica.