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Nova cola biocompatível repele o sangue e ajuda na cicatrização de ferimentos

Por| Editado por Luciana Zaramela | 09 de Agosto de 2021 às 19h20

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Diana Polekhina/Unsplash
Diana Polekhina/Unsplash

Cientistas do MIT acabam de divulgar o desenvolvimento uma forma de fechar e curar feridas com mais efetividade. Para chegar no resultado, os cientistas se inspiraram em uma substância pegajosa usada pelas cracas, conhecidas também como Thoracicas, organismos que costumam aparecer na superfície de rochas.

Os pesquisadores do MIT, então, desenvolveram uma cola biocompatível e resistente o suficiente para selar feridas e interromper o sangramento. Essa pasta é capaz de aderir às superfícies mesmo quando estão cobertas de sangue, formando uma vedação em cerca de 15 segundos.

Xuanhe Zhao, professor de engenharia mecânica e civil e um dos autores do estudo, diz que a descoberta sempre foi algo muito desafiador. "Estamos resolvendo um problema de adesão em um ambiente desafiador, que é este ambiente úmido e dinâmico de tecidos humanos", diz o cientista. "Ao mesmo tempo, estamos tentando traduzir esse conhecimento fundamental em produtos reais que podem salvar vidas", completa.

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Atualmente, os médicos e cirurgiões fazem suturas para fechar feridas e interromper o sangramento, mas o processo de costura pode ser demorado e dificultar casos de emergência. Nos últimos anos, também foram desenvolvidos materiais capazes de bloquear a saída de sangue, estes conhecidos como agentes hemostáticos. Muitos desses produtos têm ação de coagulação do sangue, o que também pode ser um processo muito lento e não eficaz em casos de feridas mais profundas.

A cola

Os cientistas desenvolveram a cola baseada nas cracas, que se mantém firme em substâncias úmidas e sujas, como rochas, cascos de navios e, até mesmo, em animais como baleias e tartarugas. "Descobrimos que essa criatura que vive em ambiente marinho está fazendo a mesma coisa que nós para lidar com problemas complicados de sangramento", diz Hyunwoo Yuk, um dos principais autores do estudo.

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"É muito interessante porque, para selar tecidos ensanguentados, você precisa lutar não só com a umidade, como também com a contaminação que sai desse sangue", continua o cientista. Então, os pesquisadores descobriram que as cracas possuem moléculas de proteína pegajosas que as ajudam a se fixar com efetividade nas superfícies, repelindo água e outras substâncias.

Ao descobrir a existência da cola, os cientistas do MIT adaptaram um adesivo desenvolvido pela equipe anteriormente em forma de fita dupla-face, que teve como inspiração o material usado por aranhas para capturar as presas em condições úmidas. O material novo é pegajoso e feito de ácido acrílico, que é incorporado a um composto orgânico chamado éster NSH, responsável pela adesão, e quitosana, um açúcar que o deixa mais forte.

Então, os pesquisadores congelaram camadas de folhas deste material, moendo e transformando em micropartículas. Na sequência, essas pequenas partículas foram suspensas em óleo de silicone médico. Quando aplicada em uma superfície úmida, como de tecidos cobertos de sangue, o óleo da pasta repele o sangue e outras substâncias existentes ali, permitindo que as micropartículas adesivas se transformem em uma vedação na ferida.

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Após cerca de 15 a 30 segundos depois da aplicação da cola com uma certa pressão, ela seca e o sangramento é interrompido. Os primeiros testes foram feitos com ratos e os resultados se mostraram positivos. O material conta com a vantagem de ser moldado para se adaptar até mesmo às incisões mais irregulares e de diferentes tipos.

Também foram feitos testes com porcos, quando foi possível interromper rapidamente o sangramento do fígado, mesmo que os animais tenham sido tratados com anticoagulantes fortes. Os experimentos comprovaram que a cola permanece intacta por semanas, permitindo que o tecido abaixo da camada se cure. O material apresentou pouca resposta inflamatória, semelhante aos agentes hemostáticos usados atualmente. Ao longo dos meses, a cola é reabsorvida pelo organismo, mas também pode ser removida após a cura do ferimento com uma solução que dissolve o material.

Agora, o objetivo dos cientistas é testar a cola em ferimentos maiores e durante cirurgias, quando os médicos precisam se certificar de que o paciente não está perdendo muito sangue, além de outros procedimentos. 

Fonte: MIT