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Nossos corpos são radioativos? A ciência explica

Por| Editado por Luciana Zaramela | 22 de Março de 2022 às 14h40

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Satura_/Envato
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A radioatividade é um fenômeno muito lembrado e temido no imaginário popular, que envolve memórias das bombas de Hiroshima e Nagasaki, em 1945, o desastre de Chernobyl, em 1986, e, no Brasil, o acidente envolvendo césio-137, em 1987. Com isso, é comum que se pense na radiação como algo incomum e perigoso, mas essa percepção é enviesada: na verdade, ela está presente em todos os lugares, inclusive nossos corpos, mas não há motivo para alarde.

Diariamente, todos nós acabamos ingerindo um pouco de radiação na água e comida, além de emitir uma radição própria quando o decaimento de algum dos átomos do nosso corpo causa quantidades ínfimas do fenômeno. Vamos explicar um pouco dos processos que ocorrem no nosso organismo envolvendo isótopos, radioatividade e como nosso dia-a-dia é permeado por tudo isso.

O que é radiação?

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Posto de maneira simples, radiação é o que acontece quando um objeto emite energia por meio de partículas ou ondas. O Sol, por exemplo, é um desses emissores — mas, quando pensamos no fenômeno, o que vem à nossa mente são as chamadas ondas de alta frequência, como as ondas gama, e partículas de alta frequência, como as geradas por átomos radioativos (de urânio, por exemplo). Nesses casos, há, sim, perigo aos seres vivos, já que as altas frequências emitidas podem danificar o DNA das células expostas a elas.

Central à nossa questão, no entanto, estão os isótopos, que são formas dos mesmos elementos da tabela periódica, mas que contém diferentes números de nêutrons no núcleo. Alguns desses isótopos são estáveis, mas outros são instáveis — ou seja, radioativos —, e emitem as tais partículas ou ondas de alta frequência. Certos elementos, como o urânio, existem apenas de forma instável, ou seja, não há uma versão sua que não seja radioativa.

O que mantém os prótons e nêutrons do núcleo dos isótopos estáveis é algo chamado de "força forte", uma das quatro forças fundamentais da natureza. No evento do núcleo se tornar grande demais, ou seja, instável, se tornando um raioisótopo (ou isótopo radioativo), outras forças acabam separando os prótons e nêutrons: quando isso acontece, os núcleos acabam se tornando menores (e mais estáveis, estado ideal), liberando partículas ou ondas de alta frequência — é o que chamamos de decaimento radioativo.

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Como nos tornamos radioativos?

Tanto os elementos radioativos quanto seus isótopos são muito comuns na natureza, se entremeando a plantas e água, e, por consequência, em animais. Isso significa que acabamos consumindo radiação toda vez que comemos, respiramos ou bebemos água, a depender do que estamos consumindo, é claro.

Bananas, por exemplo, têm uma maior concentração de isótopos radioativos, em forma de potássio 40; castanhas-do-pará, por sua vez, contêm rádio. No nosso corpo, as fontes radioativas mais comuns são potássio 40 (40K) — consumimos cerca de 0,39 miligramas por dia — e carbono 14 (14C) — 1,8 nanogramas por dia —, este último presente em plantas, que o absorvem na fotossíntese, via gás carbônico.

Pouco mais de 10% do potássio 40 do nosso corpo emite raios gama ao decair, que se espalham em todas as direções: alguns são atenuados pelo próprio corpo, enquanto outros escapam. Parte deles interage com os isótopos radioativos do ambiente, causando o que se chama de efeito fotoelétrico, emitindo raios X. Lembremos aqui que todo potássio contém, naturalmente, potássio 40 (0,0117%, mais especificamente), e tem importância crítica para o bom funcionamento do nosso corpo.

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É importante notar que a dose radioativa que recebemos dessa forma ainda representa apenas 10% da média anual (0,3 mSv, ou Sievert, unidade de medida de radiação ionizante) recebida de todas as fontes naturais de radiação, sem incluir fontes médicas, como exames de raio X. Alguém que more em um porão repleto de granito e sem ventilação, por exemplo, que contém muito rádio (Ra), acaba absorvendo muito mais rádon e outros isótopos relacionados, que decaem do elemento químico.

Alguns dos isótopos que absorvemos do ambiente podem ter relação com atividades humanas — testes nucleares dos anos 1950 e 1960, por exemplo, jogaram pequenas quantidades de estrôncio 90 (sr-90) na atmosfera, bem como os desastres de Fukushima e Chernobyl, que liberaram césio 137 e césio 134. A maior parte, no entanto, já sofreu decaimento, ou seja, não é mais radioativa.

De uma forma ou de outra, caso você não tenha exposição prolongada a aparelhos radioativos ou não more próximo desses locais, não há nada a temer: sua radioatividade natural não fará mal algum.

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Fonte: HPS, Live Science