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Mutação do coronavírus | O que se sabe sobre a variante encontrada em São Paulo

Por| 04 de Janeiro de 2021 às 12h05

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Fernando Zhiminaicela/Pixabay
Fernando Zhiminaicela/Pixabay

No último dia de 2020, cientistas detectaram em São Paulo uma nova variante do coronavírus, sendo este da mesma cepa que surgiu dias antes no Reino Unido, fazendo a confirmação dos casos pela execução de um sequenciamento genético. A revelação foi feita no dia 31, última quinta-feira, pelo Dasa, laboratório de diagnóstico que logo comunicou o Instituto Adolfo Lutz e a Vigilância Sanitária.

O sequenciamento genético que confirmou a nova variante do coronavírus foi realizado através de uma parceria do laboratório com o Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). A variante, já registrada em outros 17 países, foi batizada de B.1.1.7, com suas mutações afetando a forma na qual o vírus se agarra às células humanas, classificada como sendo 56% mais contagiosa.

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Ainda não há, no entanto, provas de que a variante seja responsável por provocar casos mais graves da COVID-19, tampouco um índice maior de mortes e resistência às vacinas que estão sendo produzidas. Porém, por ela ser mais contagiosa, oferece o risco de aumentar a velocidade da propagação do SARS-CoV-2. Em Londres, a mutação já é responsável por 60% das infecções pela doença, fazendo com que pesquisadores da área se dediquem a descobrir, com urgência, mais detalhes sobre as características da cepa.

Como surgiu a nova variante do coronavírus?

Até o momento, também não se tem muitas informações sobre o que provocou o surgimento da mutação no Reino Unido. Nelson Gaburo, gerente geral do laboratório de apoio DB Molecular, de biologia molecular e genética, conta que essas transformações do vírus costumam ser silenciosas. Isso porque elas não alteram o aminoácido e nem interferem na produção ou expressão de uma proteína especial que esteja presente no vírus, sendo o mesmo que aconteceu com as primeiras variações do coronavírus.

Gaburo explica ainda que a nova variante, além de mutações silenciosas, apresenta uma alteração na sequência do gene da proteína espinhosa, também conhecida pelo nome em inglês "spike", que "está associada ao reconhecimento pelo receptor da enzima conversora da angiotensina". Além disso, a mutação pode influenciar no diagnóstico molecular, segundo o especialista. A parceria com o Instituto de Medicina Tropical da USP será essencial para criar materiais que permitam a testagem da eficiência de alguns tipos de testes de diagnóstico da COVID-19, uma vez que existe a preocupação de que os atuais possam apresentar falsos negativos.

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"Alguns kits de teste molecular têm como alvo somente o gene S, o que impactaria a sensibilidade de detecção, podendo gerar resultados falsos-positivos. Por isso, é importante a detecção de mais de um alvo, como sequências dos genes N (proteína do nucleocapsídeo) e E (proteína de envelope)", conta Gaburo.

Devemos nos preocupar mais? O que muda?

Em relação a uma maior gravidade da doença através da contaminação pela nova variante, ainda não há motivos para preocupação, ao menos por enquanto, mas os cuidados para evitar a contaminação devem continuar sendo seguidos rigorosamente. "A comunidade científica investiga a patogenicidade bem como os aspectos epidemiológicos. O importante é reforçar os cuidados já falados desde o início da pandemia: distanciamento social; lavagem constante das mãos e uso de máscara", conta o especialista.

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Já quanto à velocidade da propagação, já estão sendo relatados casos de contaminação entre humanos de forma mais rápida. "O que acontece é que a nova mutação, designada N501Y, confere ao vírus uma ligação mais forte ao receptor da enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2) humana. Isso facilita a entrada do vírus na célula humana", diz o gerente geral do DB Molecular.

Sobre as vacinas que já estão sendo produzidas e as ameaças da nova variante, Gaburo diz que há a probabilidade de que a mutação não seja suficiente para alterar a eficácia das vacinas que vêm sendo distribuídas pelo mundo, mas ainda será preciso de mais estudos para comprovar essa hipótese.

Casos em São Paulo

Nesta segunda-feira (4), Jean Gorinchteyn, secretário estadual da Saúde de São Paulo, afirmou que dois dos quatro casos de pessoas contaminadas pela nova variante foram descartados, ambos de pacientes internados em hospitais particulares que estiveram de passagem pelo Reino Unido. Os outros dois, no entanto, foram confirmados pelo Laboratório Estratégico do Instituto Adolfo Lutz.

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Os dois pacientes confirmados com a nova variante são uma mulher de 25 anos, que teve contato com pessoas que viajaram pelo Reino Unido, e um homem de 34 anos que se infectou após ter contato com a primeira paciente. De acordo com a secretaria de Saúde de São Paulo, a investigação epidemiológica dos casos segue está em andamento e ainda não há mais informações sobre os sintomas dos infectados e seus respectivos quadros clínicos.

*Com informações de G1 (1) e (2)