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Mortes por COVID-19 podem ter passado de 410 mil no Brasil, segundo estudos

Por| Editado por Luciana Zaramela | 26 de Março de 2021 às 15h20

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IciakPhotos/Envato Elements
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Segundo a última atualização sobre a quantidade de mortes por COVID-19 no Brasil, realizada na última quarta-feira (24), os números apontam 303 mil. No entanto, dois estudos indicam que o número de mortos pela doença pode já ter passado de 410 mil.

O mais curioso é que esse número parte de dois estudos diferentes: um deles é liderado por Leonardo Bastos, estatístico e pesquisador em saúde pública do Programa de Computação Científica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), enquanto o outro fica nas mãos do engenheiro Miguel Buelta, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Os estudos são baseados em dados oficiais de síndrome respiratória aguda grave (SRAG).

Cada paciente internado com SRAG precisa ter seus dados notificados ao Ministério da Saúde por meio do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (conhecido como Sivep-Gripe). No primeiro semestre de 2019, foram registrados 3.040 óbitos por síndrome respiratória aguda grave, enquanto o primeiro semestre em 2020 registrou 86.651. Mais de 99% das pessoas com SRAG e resultado laboratorial para algum vírus na pandemia foram diagnosticadas com COVID-19.

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No entanto, considerando que pode demorar até uma internação ou uma morte ser contabilizada no sistema, os cientistas decidiram realizar uma projeção do que está acontecendo atualmente. Para isso, calcularam quanto tempo leva da morte em si até seu registro no sistema. De acordo com o Observatório COVID-19 BR, esse tipo de projeção considera várias etapas: desde procurar um hospital, coletar o exame, o exame ser realizado e o resultado do teste positivo para COVID-19 estar disponível para ser incluído no banco de dados.

Assim, o tempo acumulado entre essas etapas do processo causa atrasos de vários dias entre o número de casos confirmados e os casos ainda não disponíveis no sistema, que são compensados somando aos casos já confirmados uma estimativa daqueles que devem ser confirmados futuramente.

As projeções

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Basicamente, os pesquisadores corrigem os atrasos dos dados analisando primeiro da semana atual e da anterior, para entender quantos casos e óbitos tiveram uma semana de atraso. Segundo Bastos, esse total de 415 mil mortes por SRAG é a soma dos casos observados acumulados até 15 semanas atrás com as estimativas mais recentes corrigidas.

O pesquisador analisou os dados de óbitos por COVID-19 e SRAG até 14 de março e calculou a subnotificação dos últimos 60 dias a partir dos dados atrasados que foram entrando no sistema no período. "Fiz o cálculo para 14/01/2021. Subnotificação = 37% naquela data. Se este valor fosse mantido até hoje, no lugar dos 300 mil óbitos, poderíamos ter hoje 410 mil", afirmou nas redes sociais.

Enquanto isso, Buelta aponta que o número de mortos pode ser ainda maior. "Os valores reais poderão ser até maiores do que aqueles aqui estimados, pois consideram-se somente os óbitos por COVID-19 que circularam pelo sistema de saúde e que foram identificados, seja por SRAG, seja por COVID-19", consta da análise.

Fonte: Wiley Online Library, Rede Análise COVID-19 via BBC