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Médicos encontram lombriga viva no cérebro de uma paciente

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Inmicco/Envato
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Em relatório publicado na última edição da revista Emerging Infectious Diseases, médicos compartilharam o caso bizarro de uma cirurgia em que encontraram uma lombriga viva no cérebro de uma paciente na Austrália. O verme estava dentro de uma lesão que afetava o lobo frontal direito da mulher de 64 anos que não foi identificada.

Conforme apontam os autores do estudo, esse nematoide em particular era diferente de qualquer outro catalogado na literatura médica. Com isso em mente, a equipe vasculhou pesquisas publicadas anteriormente para descobrir de onde esse parasita poderia ter vindo.

O parasita pertence a uma espécie chamada Ophidascaris robertsi, que passa a maior parte de sua vida adulta em pítons (Morelia spilota). Antes, ele foi encontrado na forma juvenil nos órgãos de coalas, mas nunca antes no cérebro de um mamífero quando adulto.

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Os pesquisadores apontam que o ciclo de vida do verme geralmente começa como uma larva nos órgãos de pequenos mamíferos, que são então comidos por pítons. Por isso que o parasita cresce no esôfago e no estômago da cobra.

Mas o mais surpreendente para a comunidade científica é que a paciente nunca teve contato direto com uma dessas cobras. Mas a teoria é que uma cobra perto de sua casa — ela costuma visitar um lago próximo com frequência de sua casa — liberou as larvas do parasita através das fezes. A infecção então se espalhou para a mulher quando ela tocou ou comeu alguma vegetação local, contaminada.

O que acontece quando tem uma lombriga no cérebro?

Os médicos contam que essa paciente inicialmente desenvolveu dor abdominal e diarreia, seguida de febre, tosse e falta de ar. O palpite desses especialistas é que os sintomas foram provavelmente devidos à migração de larvas de lombrigas do intestino para outros órgãos, como o fígado e os pulmões.

A estimativa é que a lombriga estava lá desde 2021, e que nenhum médico a tinha descoberto antes porque as larvas, até então, eram simplesmente pequenas demais para serem vistas. Foi apenas em 2022 que os sintomas da paciente mudaram de direção, com mudanças sutis na memória, no processamento cognitivo e até mesmo na depressão!

A paciente também estava imunossuprimida, o que os especialistas suspeitam ter permitido que as larvas do verme migrassem através da barreira hematoencefálica para o sistema nervoso central.

Pode haver mais casos de lombriga no cérebro?

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Em entrevista ao jornal The Guardian, os pesquisadores afirmaram que essa infecção por Ophidascaris não é transmitida entre pessoas, então o caso deste paciente não causará uma epidemia. "No entanto, a cobra e o parasita são encontrados em outras partes do mundo; por isso, é provável que outros casos sejam reconhecidos nos próximos anos em outros países", estimam.

Em resposta a esse caso raro e excêntrico, os cientistas podem para que as pessoas tomem cuidado ao encontrar animais e o meio ambiente, lavem bem os alimentos e cozinhem adequadamente, além de usarem proteção quando tiverem que se expor a animais diferentes do convívio. Neste ano, também tivemos um estudo sobre genes de vermes que controlam cérebro de hospedeiros, tão intrigante quanto o caso recente.

Fonte: Emerging Infectious Diseases, The Guardian