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Larvas da bicheira levam Costa Rica a decretar emergência

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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John Kucharski/USDA
John Kucharski/USDA

Localizada na América Central, a Costa Rica declarou estado de emergência sanitária devido à proliferação de larvas da espécie Cochliomyia hominivorax, popularmente conhecidas como larvas da mosca-da-bicheira ou larvas da mosca-varejeira. O parasita se alimenta de “carne” e se espalha, predominantemente, entre animais, mas pode infectar humanos.

Desde os anos 2000, as larvas da mosca-da-bicheira eram classificadas como erradicadas na Costa Rica. No entanto, em agosto do ano passado, o primeiro caso foi notificado em aproximadamente 30 anos. Desde então, outros relatos da larva comedora de carne se proliferam no país.  

Até a última semana de março, as autoridades da Costa Rica contabilizavam 476 infecções pela larva, com maior incidência em bovinos e cães. Como o parasita pode se desenvolver em qualquer organismo com sangue quente, o risco para humanos não foi descartado.

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"A Costa Rica não conseguiu frear o progresso da praga, colocando não só o gado leiteiro e de corte do país em risco crescente, mas também os animais selvagens, os animais de estimação e os seres humanos”, afirmou o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda), em nota sobre a situação envolvendo a larva comedora de carne.

Miíase ou bicheira

Embora a Costa Rica tenha declarado estado de emergência por causa da larva, inúmeros países da América Central e do Sul enfrentam essa praga, que causa um prejuízo milionário todos os anos, na criação de animais. Inclusive, o Brasil não está livre do parasita. 

Na maioria das vezes, as fêmeas costumam depositar de 20 a 400 ovos ao redor de feridas ou de lesões. Quando estes ovos eclodem, as larvas migram para o interior das feridas e começam a se alimentar do tecido vivo — neste momento, é quando mais provocam danos à saúde. 

As infecções por larvas costumam receber o nome de miíase ou bicheira, sendo classificado como uma doença do tipo zoodermatose. O nível de complicação provocado depende do quanto as larvas avançaram e se algum tratamento foi adotado (ou não). 

Bicheira pode matar?

Quando as larvas da mosca se desenvolvem em humanos, inúmeros sintomas e sinais podem ser relatados, como febre, odor fétido, inflamação dos tecidos, ulcerações ou ainda necrose tecidual. O paciente pode até sentir a larva se movimentando entre os seus tecidos.

Em casos extremos, quando não há tratamento, o parasita é capaz de provocar o óbito, como detalham pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF), em relato de caso publicado na Revista de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial.

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No estudo, é descrito o caso de um homem, de 40 anos, com miíase, atendido em um hospital público na cidade do Rio de Janeiro. Sem atendimento médico pregresso, o indivíduo foi resgatado por uma equipe de bombeiros em sua casa e levado para a emergência, onde os profissionais identificaram a infecção pelo parasita — havia um buraco na região abaixo do queixo.

"Devido à falta de um atendimento precoce que possivelmente evitaria a evolução para um quadro clínico tão severo somado à extensão da infestação, não foi possível restabelecer clinicamente o paciente, tendo ido a óbito em um período menor que 24 horas após a internação", afirmam os autores. Neste caso, a morte foi relacionada com a sepse.

Apesar do caso, este desfecho não é o padrão para pacientes e nem para animais com bicheira. Após a remoção das larvas e o uso de medicações específicas, como a ivermectina, os pacientes se recuperam na maioria das vezes. Buscando evitar o quadro, é muito importante manter os ferimentos higienizados, o que impede a postura e eclosão dos ovos da mosca-da-bicheira.

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Fonte: Costa RicaUsda e Revista de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial