Johnson’s vai parar de fabricar talco para bebês. Quais os riscos do uso?
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
Após milhares de processos, que geraram um prejuízo bilionário para a empresa, a Johnson & Johnson (J&J) não irá mais fabricar e comercializar o pó de talco para bebês mundialmente até 2023. O anúncio chega mais de dois anos depois que as vendas do produto cessaram nos Estados Unidos e no Canadá: a ideia é substituir o talco por amido de milho na composição dos produtos.
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Segundo alegações das consumidoras que processaram a empresa, o pó de talco continha amianto, o que as teria levado a desenvolver câncer de ovário. Utilizado para bebês na prevenção de assaduras e também como cosmético, o produto é extraído da terra e encontrado próximo a reservas de amianto, conhecido por ser cancerígeno.
Amianto e seus riscos
Embora seja um mineral presente na natureza, o amianto pode ser muito perigoso caso fragmentos microscópicos de suas fibras sejam inalados, o que pode provocar doenças sérias, como câncer de pulmão, mesotelioma — tumor no tecido que reveste pulmões, estômago, coração e outros órgãos — e asbestose, patologia que causa falta de ar e pode levar a problemas respiratórios mais severos.
Em 2018, foi publicada uma pesquisa realizada pela agência Reuters afirmando que a J&J sabia, há décadas, que o amianto estava presente em seus produtos que continham talco. Na investigação, é relatado que registros internos da empresa, depoimentos em julgamento e diversas outras evidências mostravam testes positivos para a presença de amianto no talco bruto e derivados desde 1971 até o início dos anos 2000.
Também em 2018, um júri da cidade de St. Louis, nos EUA, deu um veredito de US$ 4,7 bilhões (mais de R$ 24,2 bilhões) à empresa, alegando negligência e ausência de alerta aos consumidores sobre possíveis riscos advindos do uso de produtos contendo amianto.
Controvérsias
Mesmo assim, a Johnson & Johnson continua com uma postura pública que reitera a segurança dos produtos. Segundo a empresa, décadas de pesquisas independentes por médicos especialistas teriam confirmado que o talco seria segura, mas também não conteria amianto e não causaria câncer.
O comunicado da empresa, publicado na última sexta-feira (12), a decisão de não vender mais o talco ajudará na inovação sustentável e simplificação da oferta de produtos, bem como posicionará melhor os negócios para um crescimento de longo prazo. Embora outras empresas já houvessem colocado advertências em seus produtos com talco, a J&J se negava, sob afirmações de que defendia seu produto, dado que algumas mulheres não tinham risco aumentado de câncer nos ovários, segundo ela.
Fonte: CNN