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Homens e mulheres sentem dor de forma diferente — e existe um motivo para isso

Por| Editado por Luciana Zaramela | 02 de Maio de 2022 às 10h40

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Stevanovicigor/Envato Elements
Stevanovicigor/Envato Elements

Cientistas canadenses descobriram que homens e mulheres sentem dor de forma diferente e a explicação está na atividade de alguns neurônios da medula espinhal. Após testes com roedores e humanos, foi possível concluir que estas células processam os sinais de dor de maneira diferente nas mulheres em comparação com os homens.

Publicado na revista científica Brain, o estudo sobre a forma diferente de sentir dor entre homens e mulheres foi desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Pesquisa do Hospital de Ottawa e da Universidade Carleton, ambos no Canadá.

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"Esta descoberta do dimorfismo sexual em um mecanismo neuronal central de dor crônica em todas as espécies fornece um passo fundamental para uma melhor compreensão e tratamento da dor em ambos os sexos", explicam os autores do estudo. No futuro, medicações específicas poderão ser desenvolvidas, dependendo das características do paciente.

Não existiam estudos completos sobre dor

O desafio em estudar as diferenças entre homens e mulheres no campo da dor é que a maioria das pesquisas envolvia cobaias machos ou voluntários homens. “Uma abordagem com viés masculino dominou a pesquisa em neurociência, incluindo dor, normalmente sem justificativa detalhada”, explicam os autores.

“No campo da fisiologia sináptica, os mecanismos de neuromodulação se basearam quase exclusivamente em pesquisas em animais machos ou assexuados, mesmo quando foram descobertos exemplos de dimorfismo sexual nos circuitos sinápticos e plasticidade”, completam.

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Em oposição a este histórico, o novo estudo canadense investigou a questão da dor, através de amostras do tecido da medula espinhal feminino e masculino de ratos, mas também de humanos. Neste último caso, as amostras foram doadas por familiares de pessoas que faleceram.

Estudo busca diferença entre homens e mulheres

Nas análises, a equipe de cientistas se concentrou no comportamento de uma proteína específica, o Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro (BDNF). No sistema nervoso, o BDNF desempenha um papel importante no processamento da dor, já que pode amplificar ou reduzir os sinais de dor na medula espinhal.

Apesar do BDNF ser conhecido da ciência há mais de 40 anos, os pesquisadores descobriram que ele desempenha, sim, um papel importante na amplificação da sinalização da dor na medula espinhal em homens e em ratos machos, mas não em humanas ou ratas. “É importante ressaltar que essa diferença de sexo no processamento da dor na coluna foi conservada de roedores para humanos”, afirmam.

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Em outra etapa do experimento, a equipe removeu os ovários das roedoras fêmeas e, com isso, a diferença na sinalização da dor entre os sexos desapareceu. “Concluímos que essa diferença de sexo em resposta ao BDNF é mediada por hormônios”, escrevem os autores.

“Esta nova descoberta estabelece as bases para o desenvolvimento de novos tratamentos para ajudar aqueles que sofrem de dor crônica”, explica Annemarie Dedek, principal autora do estudo, em comunicado da Associação Canadense de Neurociência (CAN).

Fonte: Brain e CAN