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HIV: 5º paciente é curado da infecção no mundo, segundo médicos

Por| Editado por Luciana Zaramela | 27 de Julho de 2022 às 16h50

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Twenty20photos/Envato Elements
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Após passar por um transplante de medula óssea, a quinta pessoa é curada do HIV no mundo. O paciente, de 66 anos, tratava um tipo de câncer no sangue — a leucemia — quando recebeu as células-tronco e se curou do vírus da Aids. Apesar do número crescente de casos bem-sucedidos, a técnica não é simples e, no momento, não está disponível para todos.

O recente caso de cura do HIV foi apelidado de paciente do City of Hope em homenagem ao nome do centro médico do câncer, no estado da Califórnia, nos EUA, onde ele recebeu seu transplante de medula óssea há 3 anos e meio. Segundo os médicos responsáveis, o homem está há 17 meses sem fazer o tratamento antiviral e, até o momento, não apresenta sinais do vírus da Aids em seu organismo.

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“Este é provavelmente o quinto caso em que esse tipo de transplante foi feito para curar alguém. Essa abordagem claramente funciona. É curativo e conhecemos o mecanismo”, explicou Steven Deeks, médico e professor de medicina da Universidade da Califórnia em San Francisco, para o jornal The Washington Post.

Aqui, vale destacar que o médico Deeks foi responsável pela primeira cura de um paciente do HIV no mundo, após um transplante do mesmo tipo. Este caso ocorreu em 2007 e o paciente foi apelidado de Berlim.

Entenda o caso do paciente do City of Hope

O paciente do City of Hope é a pessoa mais velha a ser curada do HIV e, de forma simultânea, é o indivíduo que mais tempo conviveu com o vírus da Aids. O primeiro diagnóstico da sua doença ocorreu ainda em 1988, quando a infecção era considerada uma "sentença de morte", segundo o próprio paciente relatou, em comunicado.

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“Nunca pensei que viveria para ver o dia em que não tivesse mais HIV”, acrescenta o paciente. Entre os anos que conviveu com vírus, foram pelo menos 30 de uso diário da medicação antirretroviral.

Segundo os médicos responsáveis pelo caso, o paciente está em remissão do HIV e da leucemia há mais de um ano. A informação foi compartilhada, nesta quarta-feira (27), durante a reunião anual da Sociedade Internacional de Aids (IAS). Em breve, os resultados devem ser detalhados em uma revista científica.

Quem já foi curado do vírus da Aids

Na ainda breve trajetória de curas do HIV, outros quatro casos de pacientes passaram pelo transplante de células-tronco e conseguiram alcançar a cura do HIV. O primeiro deles foi Timothy Ray Brown, tratado na cidade alemã de Berlim, em 2017.

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Mais de uma década depois, um outro paciente, Adam Castillejo — conhecido como o paciente Londres —, foi declarado curado do HIV, no ano de 2019 após um transplante de medula óssea para tratar o linfoma de Hodgkin, que é um outro tipo de câncer. O paciente de Düsseldorf — nome de uma outra cidade da Alemanha — é considerado o terceiro caso de sucesso dessa técnica experimental e também foi apresentado em 2019.

Em fevereiro de 2022, ficou conhecido o caso da paciente de Nova York, que se curou da doença, após passar pelo transplante, enquanto se tratava de um tipo de leucemia. Esta última é considerada a primeira mulher a passar pelo processo e ser curada.

Curas "espontâneas"

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Fora da contagem oficial, existe um grupo ainda mais seleto de pessoas que conseguiram controlar — e, muito possivelmente, curar — a doença de forma espontânea. Em comum, são considerados controladores de elite por causa da eficiência de seus sistemas imunológicos.

Atualmente, pesquisadores discutem se estas pessoas podem ter eliminado também o reservatório natural de HIV do corpo, o que os cientistas chamam de cura esterilizante. Por enquanto, são conhecidas duas pessoas do tipo: a paciente Esperança — o nome é uma homenagem à cidade da Argentina, onde a mulher mora — e a paciente São Francisco — a outra pessoa a se curar espontaneamente do vírus da Aids, conhecida como Loreen Willenberg.

Como funciona o processo de cura do HIV?

É importante explicar que o transplante de célula-tronco substitui o sistema imunológico de um indivíduo pelo de outra pessoa (doador), o que é responsável por tratar e curar alguns tipos de câncer, como a leucemia. Em consequência, pode eliminar o HIV do organismo, mas apenas em alguns casos.

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Para isso, é necessário que o doador tenha uma rara anormalidade genética que confere resistência ao vírus. Sendo ainda mais específico, é preciso que ele tenha uma mutação conhecida como CCR5-delta 32 e ser compatível com o doador.

No caso da paciente Nova York, a equipe médica conseguiu fazer um importante feito, já que utilizou a doação de pessoas que não eram compatíveis. Nestas circunstâncias, ela recebeu, em primeiro lugar, um transplante de sangue do cordão umbilical — que contém células-tronco. No dia seguinte, os pesquisadores transplantaram um enxerto maior de células já adultas. O caso foi bem-sucedido.

Apesar dos últimos avanços, os pesquisadores afirmam que é antiético buscar a cura do HIV pelo transplante de células-tronco em pessoas que não tenham um tipo de câncer potencialmente fatal ou outra condição que já os torne candidatos a um tratamento tão arriscado. Isso porque o procedimento é arriscado e não há garantia de cura.

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Fonte: The Washington PostNBC News e Reuters