Hipertensos medicados têm mais chances de sobreviver à COVID-19, sugere pesquisa
Por Natalie Rosa |

O tratamento da COVID-19 parece ter mais um aliado, mas somente para os hipertensos, segundo estudo conduzido pela Universidade de East Anglia (UEA), em Norwich, na Inglaterra, em colaboração com o conglomerado de hospitais Norfolk and Norwich University Hospital. Pesquisadores descobriram que medicamentos para reduzir a hipertensão arterial podem ser eficazes para aumentar a taxa de sobrevivência da infecção pelo coronavírus.
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As análises foram feitas com 28 mil pacientes que tomavam medicamentos anti-hipertensivos para o tratamento da pressão alta. Então, foi descoberto que a chance da COVID-19 se desenvolver gravemente e trazer risco de morte era menor para os hipertensos, graças aos inibidores da enzima conversora da angiotensina ou bloqueadores do receptor de angiotensina.
De acordo com Vassilios Vassiliou, da Escolha de Medicina de Norwich, da UEA, e um dos participantes do estudo, pessoas com doenças cardiovasculares correm risco de desenvolver uma infecção grave pela COVID-19. "Mas no começo da pandemia, havia uma preocupação de que medicamentos específicos para a alta pressão arterial estivessem conectados a piores resultados de pacientes com a COVID-19", conta o médico, afirmando que agora a equipe quer descobrir qual é o impacto que esses medicamentos realmente trazem para quem está infectado pelo coronavírus.
Os estudos foram feitos em pacientes que já tomam remédios para a hipertensão arterial, principalmente aqueles que estavam em estado crítico, como na UTI, entubados e correndo risco de morte. "Descobrimos que um terço dos pacientes com COVID-19 e pressão alta e um quarto dos pacientes em geral estavam tomando os inibidores e bloqueadores. Isso, provavelmente, devido ao aumento do risco de infecção em pacientes com comorbidades, como doenças cardiovasculares, hipertensão e diabetes", diz Vassiliou.
O médico aponta que ainda não há evidências de que esses medicamentos possam aumentar a severidade do coronavírus no organismo ou ainda que possam representar risco de óbito. "Pelo contrário, descobrimos que havia um risco significativamente menor de morte e fins críticos, então eles podem ter um papel de proteção particular em pacientes com hipertensão", completa.
Por fim, o especialista alerta que os resultados do estudo podem significar benefícios para aqueles que já estão usando os medicamentos, mas não recomenda que eles comecem a ser usados especificamente para o tratamento da COVID-19, pois a ação no organismo pode ser diferente sem a indicação médica adequada.
Fonte: EurekAlert