Guerra na Ucrânia: OMS contabiliza 16 ataques a hospitais e serviços de saúde
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 08 de Março de 2022 às 15h01
Na Guerra da Ucrânia, a Organização Mundial da Saúde alertou, nesta terça-feira (8), que ataques a hospitais, ambulâncias e outras instalações de saúde estão se tornando mais frequentes. Desde o início de uma invasão russa, pelos menos 16 ataques do tipo foram identificados, mas o número tende a aumentar. Ainda não é possível identificar os autores.
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"Já se passaram 13 dias desde o início da ofensiva militar na Ucrânia. Hoje, dentro do país, vemos um sistema de saúde sob forte pressão", afirma o diretor da divisão europeia da OMS, Hans Kluge, em coletiva de imprensa.
Ataques a hospitais
"Não é preciso dizer que os profissionais de saúde, hospitais e outras instalações médicas nunca devem ser alvos em nenhum momento, inclusive durante crises e conflitos", reforça Kluge. No entanto, o que está acontecendo na Ucrânia aponta para a direção contrária.
"Até o momento, temos 16 relatos confirmados de ataques à saúde na Ucrânia, e mais são verificados. A OMS condena veementemente esses ataques aos serviços de saúde", pontua.
Suprimentos médicos em falta na Ucrânia
No momento, a OMS trabalha para levar os suprimentos da área de saúde para hospitais e centros médicos ucranianos. Além disso, busca construir uma "passagem segura" para a entrega contínua dos produtos onde mais são necessários no país, explica Kluge.
A seguir, confira quais suprimentos e produtos médicos estão em baixa por causa da guerra:
- Cilindros de oxigênio;
- Insulina;
- EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), como máscaras;
- Material cirúrgico;
- Hemoderivados, como fatores de coagulação;
- Vacinas pediátricas.
Alguns hospitais da cidade Chernihiv — a 140 quilômetros da capital Kiev — também relataram a falta de analgésicos para pacientes que estão em tratamento contra o câncer.
Saúde das mulheres está em risco
Segundo o Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), mais de 1,7 milhão de pessoas deixaram a Ucrânia desde 24 de fevereiro. A maioria do grupo de refugiados é composta por mulheres e crianças
"Conflitos passados nos mostraram que meninas adolescentes, mulheres com deficiência e mulheres idosas estão na situação mais vulnerável. Elas enfrentam um risco maior de sofrer ataques de pessoas fora de casa e de grupos armados", afirma Kluge. Também podem enfrentar a exploração sexual.
Além disso, outro desafio deve ser o atendimento de mulheres grávidas durante a guerra. De acordo com o Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa), cerca de 80 mil mulheres ucranianas devem parir nos próximos três meses, sem acesso a cuidados necessários.
Outros cuidados
A divisão europeia da OMS também destaca a importância de se construir meios para que o atendimento médico permaneça funcionando na região. "A continuidade dos cuidados para aqueles com necessidades de saúde de longo prazo é um grande desafio, porque as linhas de abastecimento quebradas estão afetando o tratamento de doenças como diabetes e hipertensão, bem como câncer", afirma Kluge.
Fonte: OMS