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Fiocruz revela qual o risco da próxima pandemia surgir no Brasil

Por| Editado por Luciana Zaramela | 30 de Junho de 2022 às 11h43

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Cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e de outros institutos de pesquisa brasileiros investigaram qual o risco de surtos de zoonoses — doenças que são transmitidas de animais para humanos — ocorrerem no país. Quando não há a rápida identificação do problema e dependendo de sua gravidade, a situação pode escalar para uma pandemia, como se observa, muito provavelmente, na história da covid-19.

Publicado na revista Science Advances, o estudo aponta que pelo menos sete estados brasileiros apresentam um alto risco para surtos de zoonoses. "No Brasil, os recentes aumentos nas vulnerabilidades ambientais e sociais, amplificados por crises econômicas e políticas, são potenciais gatilhos para surtos", afirmam os pesquisadores.

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Entre as particularidades do cenário, é preciso considerar a megadiversidade de espécies, o desmatamento de áreas florestais e a caça ilegal. Neste cenário, os pesquisadores reforçam que o país é "uma potencial incubadora da próxima pandemia".

Quais estados correm mais riscos?

No estudo feito pelos pesquisadores da Fiocruz, sete estados do país estão em situação de alto risco para a ocorrência de surtos de zoonoses. A seguir, confira quais são:

  • Acre;
  • Rondônia;
  • Amazonas;
  • Roraima;
  • Amapá;
  • Maranhão;
  • Mato Grosso.
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Em seguida, o levantamento aponta para outros 10 estados com o risco médio para o surgimento de surtos de zoonoses. São eles:

  • Pará;
  • Santa Catarina;
  • Minas Gerais;
  • São Paulo;
  • Espírito Santo;
  • Rio de Janeiro;
  • Tocantins;
  • Mato Grosso do Sul;
  • Piauí;
  • Bahia;
  • Pernambuco.

Através da análise das regiões, é possível identificar uma maior probabilidade em áreas da Amazônia. “A Floresta Amazônica é uma região com alta diversidade de mamíferos selvagens e que vem sofrendo grande perda da cobertura florestal. Muitas espécies estão ficando sem habitat devido ao desmatamento, gerando desequilíbrio na dinâmica local”, afirma Cecília Siliansky de Andreazzi, uma das autoras do estudo e pesquisadora do Laboratório de Biologia e Parasitologia de Mamíferos Silvestres Reservatórios do Instituto Oswaldo Cruz (IOC).

Por que as zoonoses surgem?

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Vale explicar que o contágio de infecções de origem animal acontece através do fenômeno spillover. O termo pode ser entendido como o salto de patógenos, como vírus e bactérias, que circulavam, de forma restrita, em uma espécie, mas chegam até os humanos.

A expansão das atividades humanas para regiões de matas e florestas é um dos principais fatores de risco. Além disso, o consumo de carne e a caça ilegal são outras vias críticas para o “transbordamento” de doenças entre as espécies.

Os pesquisadores da Fiocruz analisaram quais espécies são frequentemente caçadas de modo ilegal com patógenos que podem causar algum dano para a saúde pública. A conclusão é que 63 mamíferos podem interagir com 173 parasitas conhecidos. A partir dessa relação, 76 diferentes tipos de doenças podem ser provocados em humanos.

Como um surto vira uma pandemia?

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“O que define se o surgimento de uma zoonose será um surto local, epidemia ou pandemia é como iremos lidar com a situação. Temos que pensar em como faremos um monitoramento eficiente de um país grande e diverso como o nosso”, explica Gisele Winck, primeira autora do artigo e pesquisadora do Laboratório de Biologia e Parasitologia de Mamíferos Silvestres Reservatórios do IOC.

Nesse sentido, os pesquisadores apontam que a principal forma de controlar os efeitos de uma zoonose é o investimento em ações do Sistema Único de Saúde (SUS), já que tem abrangência nacional. No entanto, o SUS precisará aumentar a sua capacidade de detecção precoce e de resposta rápida a patógenos emergentes.

Histórico das zoonoses no Brasil

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"Até o momento, os principais surtos e epidemias de doenças no Brasil foram causados ​​por patógenos introduzidos no país (por exemplo, dengue e febre amarela)", afirmam os autores do estudo. No entanto, com a mudança do cenário, os cientistas apontam que, em maior ou menor grau, "todas as regiões do Brasil estão sujeitas a riscos zoonóticos emergentes da biota nativa. Esses riscos são maiores na floresta amazônica".

"Os poucos casos do vírus Sabiá no estado de São Paulo na década de 1990 já eram um alerta para promover mudanças necessárias na vigilância sanitária brasileira", pontuam. Inclusive, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) identificaram dois casos recentes deste vírus letal, que causa febre hemorrágica. Novos casos não eram relatados há mais de 20 anos.

Fonte: Science Advances e Agência Fiocruz