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Falta dipirona injetável em hospitais brasileiros; entenda o cenário

Por| Editado por Luciana Zaramela | 11 de Abril de 2022 às 16h30

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Rawpixel/Envato Elements
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No Brasil, diferentes hospitais e unidades de atendimento médico relatam problemas com a falta de dipirona injetável para o tratamento de pacientes. O medicamento é bastante usado, já que auxilia no controle da febre e na redução da dor. O baixo estoque está relacionado com questões financeiras.

No final de março, o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) alertou o Ministério da Saúde sobre problemas com a falta do medicamento e dificuldades de reposição da dipirona injetável. Agora, o cenário se confirma, segundo denúncias apuradas pelo Jornal Hoje.

“Enviamos um ofício ao Ministério, mas gostaria de reforçar. Nós fizemos uma consulta a 23 Cosems [Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde] que relataram falta de três medicamentos específicos: Dipirona injetável, Ocitocina e Neostigmina. Sabemos das dificuldades com o mercado, porém, queremos informar sobre a nossa preocupação com esse desabastecimento”, afirmou o presidente do Conasems, Wilames Freire, no dia 24 de março.

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Por que falta dipirona injetável?

Segundo especialistas, o baixo estoque de dipirona injetável nos hospitais brasileiros está relacionada com o custo e regulação de preço dos medicamentos no Brasil. Atualmente, o analgésico não é produzido no país. Com isso, a demanda é suprida pela importação do remédio, sendo apenas o envase nacional.

O valor pelo qual este medicamento deve ser comercializado é definido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed), que está ligada a diferentes ministérios e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). "As farmácias e drogarias, assim como laboratórios, distribuidores e importadores, não podem cobrar pelos medicamentos preço acima do permitido pela Cmed", explica o órgão.

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Em paralelo, algumas empresas farmacêuticas questionam o valor fixado e afirmam que o valor máximo de venda não cobre os custos da produção. Inclusive, um laboratório chegou a suspender a fabricação da dipirona por tempo indeterminado.

Dá para substituir o medicamento?

Agora, os membros da Cmed e as autoridades de saúde precisam definir o que fazer a partir do baixo estoque do medicamento. No futuro, uma alternativa é fomentar a produção nacional da dipirona injetável. De forma imediata, pode-se oferecer subsídios para importação ou substituir o remédio.

No quesito da possível substituição, a presidente do departamento de farmácia da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), Erika Michelle do Nascimento Facundes, explica que outros analgésicos podem apresentar mais efeitos colaterais.

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“A gente vai ter dificuldade de manejar dor e febre no ambiente hospitalar e isso é risco, sim, à saúde, podendo levar a casos de convulsão, de eventos adversos relacionados a medicamento, que pode levar inclusive o paciente a precisar de leito de UTI e outros medicamentos, antídotos, outros insumos bem mais caros e inclusive intubação”, completa Facundes.

Fonte: Conasems, Cmed e Jornal Hoje