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Cientistas da UFMG propõem remédio específico contra dengue; entenda

Por| Editado por Luciana Zaramela | 07 de Abril de 2022 às 19h20

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 shammiknr/Pixabay
shammiknr/Pixabay

Novos surtos de dengue são registrados em todo o Brasil e, apesar do cenário epidemiológico deste começo de ano ser mais intenso que o de 2021, o vírus é conhecido dos brasileiros há anos. Até o momento, não foram desenvolvidos tratamentos específicos contra a doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti e nem existe uma vacina amplamente eficaz. Agora, uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) quer mudar esta história.

Por ano, o arbovírus da dengue é a causa de 390 milhões de infecções no mundo. Parte significativa dos pacientes relata dores no corpo, febre, sangramentos e, em casos extremos, a doença pode levar ao óbito. "O que torna a doença grave, aumentando o risco de morte, ainda é um mistério que os pesquisadores tentam desvendar", afirmam as cientistas Vivian Vasconcelos e Michelle Sugimoto, em artigo para a Academia Brasileira de Ciências (ABC).

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O que sabemos sobre a forma grave da dengue?

Atualmente, a ciência já sabe que alguns casos graves da dengue estão relacionados com a inflamação sistêmica, ou seja, quando o estado inflamatório atinge todo o corpo do indivíduo. Neste estágio, vasos sanguíneos podem ser rompidos e o nível de plaquetas pode ser reduzido.

Vale explicar que, como são as plaquetas responsáveis pela coagulação do sangue, a diminuição drástica pode causar um quadro de choque. Em outras palavras, os órgãos têm o seu funcionamento afetado, o que pode ser bastante grave.

Até o momento, não foram desenvolvidos antivirais eficientes contra a doença. Também se sabe que anti-inflamatórios — como a aspirina, o diclofenaco e o ibuprofeno — não são recomendados, porque podem agravar os sintomas.

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Nova proposta da UFMG contra o vírus

Para mudar este cenário, o laboratório do Professor Mauro Teixeira, da UFMG, propõe uma nova abordagem contra a dengue: a terapia com foco no hospedeiro. A ideia é compreender quais fatores desencadeiam a inflamação sistêmica e tentar impedir que este tipo de quadro se estabeleça.

Estudos em andamento

Publicado na revista científica eLife, um estudo desenvolvido pelos cientistas do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG apontam a existência de uma falha nos mecanismos anti-inflamatórios dos pacientes que estão com quadros graves da dengue, o que potencializa os efeitos da infecção.

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Após analisar amostras de sangue dos pacientes, a equipe verificou que a quantidade de uma proteína essencial para o controle da inflamação estava reduzida, a Anexina A. Quando a concentração está em baixa, é um indicador de que o "freio" da resposta imunológica foi perdido. Sem controle, as células do sangue e dos tecidos ficam superativadas, tornando a inflamação generalizada.

Anexina A: potencial remédio para dengue

"O estudo é ainda mais promissor devido ao fato de que pequenas porções da proteína Anexina A1 já estarem na fase final de estudos em humanos. Há vários estudos clínicos (com pacientes) testando a segurança e eficácia desse fármaco em outras doenças inflamatórias não infecciosas", explicam as pesquisadoras Vasconcelos e Sugimoto.

Diante das novas evidências, é necessário, agora, ampliar os testes com a proteína e chegar nos estados clínicos contra a dengue. É possível que ela também ajude no controle de outras infecções, como a covid-19, a febre Chikungunya e a Zika.

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Fonte: eLife ABC