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EUA podem recomendar pílula que reduz risco de ISTs após sexo

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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HeungSoon/Pixabay
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Em casos extremos, é possível tomar a pílula do dia seguinte após alguma complicação com o preservativo na hora do sexo. Para prevenir a infecção pelo HIV, já existem tanto a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) quanto a Profilaxia Pós-Exposição (PEP). Agora, as autoridades de saúde dos Estados Unidos desenham uma solução inédita para conter as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), incluindo sífilis, gonorreia e clamídia.

A ideia é bastante simples: se a pessoa tiver uma relação sexual desprotegida, ela deve tomar um único comprimido do antibiótico doxiciclina como PEP nas 72 horas seguintes — quanto mais cedo, melhor. Com isso, os riscos de contrair sífilis e clamídia caem em 90%, além disso a probabilidade de ter gonorreia é reduzida em cerca de 55%.

Com base em estudos ainda limitados, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA divulgou as primeiras diretrizes para um possível projeto que busca reduzir os novos casos de ISTs no país nesta semana. No entanto, a versão final só deve ser divulgada em novembro.

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A medida ainda divide especialistas e gera intenso debate, mas o uso do antibiótico pode ser um divisor de águas no controle das bactérias comumente transmitidas a partir de relações sexuais — isso se for bem usado, na população com comportamentos de risco. Outras pesquisas internacionais com essa estratégia já foram divulgadas.

Alta de ISTs na saúde

O uso da pílula depois do sexo deve ser testada num cenário em que os EUA vivem uma explosão de casos de ISTs. Por exemplo, em 2021, foram 1,6 milhão de casos de clamídia, outros 700 mil casos de gonorreia e mais 175 mil casos de sífilis. Tratar todas essas pessoas custou US$ 1,1 bilhão de dólares (cerca de 5,6 bilhões de reais). Cabe destacar que, no Brasil, algumas dessas doenças também estão em alta.

“Precisamos de inovações revolucionárias para reverter a epidemia de IST, e isso [o comprimido após o sexo] é um grande passo na direção certa”, defende Jonathan Mermin, diretor do Centro Nacional de Prevenção de HIV, Hepatite Viral, IST e Tuberculose da agência norte-americana, para o jornal NYT.

Quem pode usar a PEP?

Embora a versão final do projeto ainda não tenha sido divulgada, a ideia é que o uso do antibiótico para conter as infecções transmitidas por relações sexuais sejam prescritas para grupos específicos, com comportamentos de risco.

Entre eles, devem estar homens que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres transexuais, desde que tenha apresentado alguma IST nos últimos 12 meses ou tenham alto risco de contrair alguma dessas bactérias. Eventualmente, o uso pode ser expandido.

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Nos EUA, um dos primeiros estados a adotar esta forma de prevenção das ISTs é São Francisco. Como política pública, o uso da pílula após o sexo é indicada desde outubro do ano passado pelo departamento estadual de saúde. Inclusive, é de lá que chega a maioria dos dados clínicos dessa estratégia.

Riscos do uso excessivo de antibióticos

Hoje, a resistência antimicrobiana já é uma das principais emergências na área de saúde pública no mundo e faltam antibióticos potentes para lidar com o problema, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Dessa forma, recomendar remédios para doenças que ainda nem aconteceram pode intensificar a seleção de cepas bacterianas mais resistentes, segundo especialistas. Inclusive, foi detectada um cepa classificada como supergonorreia neste ano.

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Para Antón Castellanos Usigli, especialista em saúde sexual e professor da Universidade Columbia, “a PEP com doxiciclina será uma boa opção para alguns pacientes”, mas é preocupante pensar no que pode acontecer se for prescrita para toda a população dos EUA.

Além disso, Usigli pontua que “teremos que educar muito os prestadores de serviços médicos e os pacientes para que possamos atingir os melhores candidatos, e evitar o uso indevido e excessivo” dos antibióticos.

Fonte: Departamento de Saúde de São Francisco e NYT