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EUA autorizam plasma convalescente como tratamento emergencial da COVID-19

Por| 25 de Agosto de 2020 às 18h35

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Gerd Altmann/Pixabay
Gerd Altmann/Pixabay

Nesta semana, o combate ao novo coronavírus (SARS-CoV-2) ganha um potencial aliado para acelerar a recuperação dos doentes. Isso porque a Food and Drug Administration (FDA), a agência federal dos Estados Unidos, acaba de autorizar o uso de plasma convalescente no tratamento de pacientes com COVID-19, de forma emergencial. Entretanto, o método usado desde a gripe espanhola, em 1918, levanta controvérsias sobre sua segurança.

Para este tratamento, os pesquisadores utilizam os anticorpos que se desenvolveram no plasma de pacientes que já contraíram a COVID-19. Dessa forma, a ideia é auxiliar os doentes com parte da resposta imunológica de quem se curou, literalmente transferindo os anticorpos contra o coronavírus para o organismo deles, por via intravenosa.

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Entre as limitações desse tratamento, está a dependência de pacientes que queiram doar o plasma, o tempo de transfusão (que deve ser rápido) e a compatibilidade entre o doador e o receptor (ambos precisam ter o mesmo tipo sanguíneo). É por isso que esse pode ser entendido como um método provisório de tratamento, enquanto se aguarda medicamentos ou uma vacina.

O que muda?

Nesse cenário, a autorização de uso emergencial da FDA permitirá que os médicos utilizem esse método em outras circunstâncias, além dos estudos clínicos, desde que seja no início do quadro da COVID-19. Desde segunda-feira (24), mais de 2,7 mil hospitais já administraram essa terapia com o plasma convalescente. No entanto, Thomas File, presidente da Infectious Diseases Society of America, defende que os dados disponíveis sobre o tratamento são insuficientes para atestarem a segurança.

"Embora os dados até o momento mostrem alguns sinais positivos de que o plasma convalescente pode ser útil no tratamento de indivíduos com a COVID-19, especialmente se administrado no início da trajetória da doença, não temos os dados necessários do ensaio clínico randomizado para entender melhor sua utilidade no tratamento da COVID", pontua File.

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Estudos são preliminares

O ponto controverso da liberação da FDA é que os estudos sobre plasma convalescente, no contexto da COVID-19 e com foco em pacientes hospitalizados, ainda são preliminares. É o caso de um estudo dos EUA com 35 mil pacientes (com menos de 80 anos) hospitalizados que receberam o tratamento.

No estudo elaborado com a participação de vários centros de pesquisa dos EUA, foi observada uma redução de 35% na taxa de mortalidade entre aqueles que foram tratados por quatro ou mais dias, após o diagnóstico, com plasma convalescente, em comparação aos que não receberam o tratamento. Entretanto, o artigo ainda aguarda a revisão por pares. Nessa mesma linha, outro estudo da Mayo Clinic, que também não foi revisado por outros cientistas, verificou que o plasma convalescente reduziu a taxa de mortalidade entre pacientes (com COVID-19 e hospitalizados) em 57%.

Por outro lado, um estudo de pesquisadores do Hospital Mount Sinai, em Nova Iorque, ainda não revisado por outros pesquisadores e com um pequeno grupo de pessoas, apontou que a transferência de plasma piorou o quadro dos pacientes. Nas análises, 18% dos receptores de plasma apresentaram piora em suas condições duas semanas após a transfusão.

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No Brasil, pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) verificaram a eficácia de um soro com anticorpos contra a COVID-19, desenvolvido a partir do sangue de cavalos expostos a um fragmento do vírus. A ideia é que esse soro, feito com o plasma dos equinos, seja usado como uma forma de imunização passiva contra a doença. Entretanto, a pesquisa aguarda aprovação para testes em humanos.

Novo remédio a caminho?

Desde maio, uma coalizão de instituições médicas, empresas farmacêuticas, organizações sem fins lucrativos juntam esforços para a coleta de sangue de pacientes que se recuperaram da COVID-19. A ideia é que parte das doações seja direcionada para tratamentos com plasma convalescente, mas uma porcentagem seja direcionada para estudos de uma outra terapia com a chamada globulina hiperimune, que também contém anticorpos.

Para a produção de globulina hiperimune, o plasma de pacientes recuperados é acumulado e esse composto recebe um tratamento térmico para que qualquer patógeno remanescente seja destruído. Após essa etapa, a substância carrega níveis consistentes de anticorpos que podem ser administrados aos pacientes. Entretanto, essa terapia ainda não recebeu aprovação da FDA para uso em humanos e, segundo os responsáveis, só deve ser obtida no final de 2020.

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Fonte: Business Insider