Estudo liga vacina da gripe a riscos 40% menores de desenvolver Alzheimer
Por Augusto Dala Costa | Editado por Luciana Zaramela | 27 de Junho de 2022 às 18h42
Pessoas que tomaram ao menos uma vacina contra a gripe têm 40% menos chances de desenvolver Alzheimer do que os não-vacinados ao longo de quatro anos, segundo estudo da University of Texas Health Houston. A pesquisa foi feita em grande escala, nos Estados Unidos, estudando adultos de 65 anos ou mais. Uma versão prévia dos achados foi disponibilizada online na revista Journal of Alzheimer's Disease.
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Segundo os cientistas, além da vacina contra a gripe reduzir o risco de Alzheimer por alguns anos, a efetividade dessa proteção aumenta junto ao número de anos consecutivos em que o indivíduo recebe a vacina anual contra a doença. Em outras palavras, a taxa de incidência de Alzheimer foi reduzindo entre os idosos que receberam o imunizante de forma consistente a cada ano.
Vacinas e o Alzheimer
Há dois anos, a UTHealth Houston já havia comentado o achado de uma possível relação entre a vacina em questão e o risco reduzido de Alzheimer, e, desta vez, analisou uma amostra muito maior de pacientes para comprovar a correlação. Foram analisados 935.887 pacientes vacinados contra a gripe e o mesmo número de não-vacinados.
Após um acompanhamento de quatro anos, cerca de 5,1% dos pacientes vacinados contra a gripe desenvolveram o mal de Alzheimer, enquanto a incidência da doença atingiu 8,5% dos não-vacinados. Segundo os pesquisadores, isso demonstra o poder de proteção do imunizante contra a patologia, mas ainda consideram ser necessários mais estudos para entender todos os mecanismos envolvidos nessa proteção.
Como outras vacinas demonstram oferecer alguma proteção contra o Alzheimer, o que se acredita é que o efeito não é específico ao imunizante contra a gripe. O sistema imune é complexo: pesquisadores afirmam que algumas alterações nele, como a causada pela pneumonia, o ativam de forma a piorar o Alzheimer. Já outras, como as vacinas, o ativam de forma que protege contra a patologia.
Estudos específicos acerca da imunidade, no futuro, podem ajudar no entendimento da doença. Vacinas como a do tétano, da poliomielite e do herpes também foram ligadas a riscos reduzidos de desenvolver Alzheimer, por exemplo. Com mais dados sobre a vacina contra a covid-19, investigações acerca de efeitos neurológicos positivos do imunizante estão a caminho de serem realizadas.
Cientistas que participaram do estudo ainda apontam que um caminho interessante é verificar se a vacina contra a gripe também pode ser associada a menores taxas de progressão da doença em quem já tem Alzheimer.