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Estudo indica que HDL, o colesterol "bom", não faz tão bem para o coração

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Dosar a concentração no sangue da lipoproteína de alta densidade (HDL), também conhecida como o colesterol bom, para avaliar o risco de doenças cardíacas pode não ser tão bom quanto se pensava anteriormente, aponta um recente estudo norte-americano. O benefício do composto para o coração ainda deve ser melhor compreendido.

Publicado na revista científica Journal of the American College of Cardiology, o estudo sobre os benefícios do HDL para o coração foi financiado pelo governo dos Estados Unidos, através dos National Institutes of Health (NIH).

Inclusive, usar o colesterol bom como parâmetro pode ser ineficiente quando são consideradas as origens raciais e étnicas de um indivíduo. “Os cálculos atuais de risco baseados no colesterol HDL podem levar a uma avaliação de risco imprecisa em adultos negros”, pontuam os autores do estudo.

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Qual a relação do HDL com o coração?

Em adultos brancos, os cientistas confirmaram que baixos níveis do colesterol HDL indicam um risco aumentado de ataques cardíacos ou mortes relacionadas ao coração. No entanto, o mesmo benefício não foi encontrado em pessoas negras.

Por outro lado, níveis mais altos do colesterol não foram associados a risco reduzido de doença cardiovascular em nenhum dos grupos (negros e brancos).

Como o estudo sobre o colesterol bom foi feito?

No estudo, os pesquisadores do NIH acompanharam dados de saúde de mais de 23 mil norte-americanos, coletados por um período de 10 anos, em média. Neste intervalo, 664 adultos negros e 951 adultos brancos sofreram um ataque cardíaco (enfarte agudo do miocárdio) ou morte relacionada a um ataque cardíaco.

Após analisar os dados, aqueles indivíduos com níveis aumentados de LDL (“colesterol ruim”) e triglicerídeos no sangue tiveram riscos modestamente aumentados para doenças cardiovasculares. Só que a relação com o HDL não estava tão explícita.

“Espero que esse tipo de pesquisa estabeleça a necessidade de revisitar o algoritmo de previsão de risco para doenças cardiovasculares”, afirma Nathalie Pamir, autora sênior do estudo e professora associada da Oregon Health and Sciences University, em comunicado.

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“Isso pode significar que, no futuro, não receberemos um tapinha nas costas de nossos médicos por ter níveis de colesterol HDL mais altos”, acrescenta a cientista.

HDL ainda importa no exame de sangue?

Apesar da descoberta dos cientistas, a evidência deve ser observada com cautela e não indica que medições do HDL devem ser descartadas em hemogramas (exames de sangue). Afinal, a ciência trabalha e se constrói a partir de um acúmulo de evidências científicas e, neste quebra-cabeça, o estudo traz mais uma peça para este panorama.

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Hoje, “o colesterol HDL é um fator de risco enigmático para doenças cardiovasculares”, comenta Sean Coady, do National Heart, Lung, and Blood Institute, que é parte do NIH.

“As descobertas sugerem ser necessário um mergulho mais profundo na epidemiologia do metabolismo lipídico, especialmente em termos de como a raça pode modificar ou mediar essas relações”, completa Coady.

Extrapolando o HDL do coração para o corpo humano, uma equipe internacional de pesquisadores revelou que o colesterol bom pode reduzir o risco da doença de Alzheimer. Os autores do estudo afirmam que mais estudos também são necessários para compreender esta relação.

Fonte: Journal of the American College of Cardiology e NIH