Estudo descobre dois "segredos" da psicose no cérebro
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |

É desafiador encontrar os fatores exatos que levam a determinados distúrbios — não é a toa que o cérebro ainda intriga a ciência com seus mistérios. No entanto, um novo artigo da Molecular Psychiatry desvendou dois segredos por trás da psicose, ou seja: o estado em que uma pessoa perde contato com a realidade.
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No material disponibilizado no último dia 12, os neurocientistas de Stanford mostram como a disfunções em dois sistemas cerebrais específicos podem ser influentes para os pacientes com psicose.
As descobertas proporcionam uma compreensão maior sobre os sintomas e ainda pode ajudar a chegar a tratamentos e intervenções para a psicose e outras condições de saúde mental.
O estudo se desdobrou da seguinte maneira: os norte-americanos analisaram exames cerebrais de 445 pessoas com condições que incluíam o autismo, TDAH, psicose precoce e síndrome de deleção 22q11.2 (uma condição genética com risco aumentado de psicose e esquizofrenia). Eles também analisaram exames de 411 pessoas saudáveis, a fim de comparação.
Com essa análise, a equipe identificou diferenças na função cerebral em duas áreas:
- ínsula anterior (parte que ajuda a direcionar nossa atenção)
- vias impulsionadas pela dopamina (que controlam a busca por recompensa)
As diferenças nestas áreas relacionadas com a filtragem de informação e previsão de recompensas foram significativas nas pessoas com psicose.
Isso levou os pesquisadores a definirem a psicose como "uma condição com assinaturas cerebrais identificáveis e consistentes”.
Tratamentos para psicose
O próximo passo dos pesquisadores é desenvolver tratamentos baseados nestas descobertas. Por enquanto, a psicose é tratada com medicamentos prescritos para ajudar a controlar os sintomas.
Os sintomas de psicose podem variar de pessoa para pessoa, mas costumam envolver delírio, alucinações, pensamento desorganizado, alterações de humor, problemas de percepção e atenção e até isolamento social.
Os sintomas podem ser episódicos, com períodos de remissão e recorrência ao longo do tempo. De qualquer maneira, é fundamental procurar ajuda de um profissional.
Com as novas informações sobre a psicose em mãos, a ideia dos pesquisadores é que se possa adaptar técnicas como estimulação magnética transcraniana e o ultrassom focalizado no futuro, para atingir esses centros cerebrais específicos.
Fonte: Molecular Psychiatry