Enguias que vivem perto de festivais testam positivo para MDMA e cocaína

Em um estudo publicado na Environmental Research, cientistas relataram uma descoberta perturbadora: enguias que habitam o rio Whitelake, no Reino Unido, testaram positivo para MDMA e cocaína após um festival de música chamado Glastonbury. O grupo encontrou níveis preocupantes dessas substâncias ao coletar amostras da água do rio.

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Os pesquisadores testaram a água antes, durante e depois do festival. Os vestígios das drogas foram significativamente mais altos durante o fim de semana após o evento. O MDMA foi detectado em “níveis prejudiciais ao meio ambiente”, enquanto os níveis de cocaína eram altos o suficiente para impactar a população local de enguia-europeia (Anguilla anguilla), uma espécie em alto risco de extinção.

Segundo o estudo, a exposição à substância pode resultar em danos musculares e interromper seu complexo ciclo de vida. Estudos anteriores que testaram a interação de enguias com cocaína apontaram que os animais sofreram perturbações do seu sistema endócrino.

Outra teoria é que essa exposição gera um efeito agudo em organismos vitais mais abaixo na cadeia alimentar, como minúsculos crustáceos chamados Daphnia. "A avaliação descobriu que as concentrações de MDMA eram altas o suficiente para causar uma inibição de 50% da função em Daphnia, o que pode se referir a qualquer coisa, desde a taxa de crescimento até a taxa de respiração", acrescenta o estudo.

Mas como tantas substâncias ilícitas foram parar no rio? Simples: os visitantes do festival urinavam no rio, apesar dos banheiros públicos espalhados pelo evento. Os pesquisadores alertam que, enquanto houver humanos usando drogas e urinando, os produtos farmacêuticos provavelmente vazarão para o ecossistema.

“Glastonbury é um dos festivais, se não o mais ecologicamente correto do mundo. A descoberta dessas concentrações perigosas é um indicador de quão generalizada essa poluição pode ser. Muitos outros festivais têm instalações sanitárias piores e podem estar liberando quantidades maiores”, finaliza a pesquisa.

Fonte:  Environmental Research via IFL Science