Efeitos do álcool costumam ser piores para quem tem problema de saúde
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela | •
De acordo com um novo estudo publicado na revista JAMA Network Open na segunda (12), os efeitos do álcool costumam ser piores para quem tem problema de saúde. Para chegar a essa descoberta, os cientistas da
Universidad Autónoma de Madrid usaram o banco de dados de saúde UK Biobank.
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Ao todo, os pesquisadores analisaram dados de 135.103 participantes com 60 anos ou mais e atribuíram a cada um deles uma das quatro categorias com base na ingestão média diária de álcool: ocasional, baixo, moderado e alto.
Os pesquisadores então analisaram quais pacientes morreram até o final de setembro de 2021 e encontraram um total de 15.833 mortes.
A equipe descobriu que, em comparação com o consumo ocasional de álcool, o alto consumo estava associado a um risco 33% maior de morrer por qualquer causa durante o estudo, bem como a um risco maior de morrer de câncer ou doença cardiovascular.
Riscos do álcool
Conforme mostra o estudo, o consumo moderado de bebidas alcoólicas foi associado a um risco 10% maior de morte por qualquer causa em comparação com o consumo ocasional de bebidas alcoólicas, e a um risco 15% maior de morte por câncer.
A surpresa dos cientistas é que até o consumo de bebidas alcoólicas de baixo risco foi associado a um risco 11% maior de morte por câncer em comparação com o consumo ocasional de bebidas alcoólicas.
No entanto, a grande descoberta foi que o consumo moderado ou de baixo risco de álcool era pior para pessoas que tinham problemas de saúde desde o início.
A teoria é que os adultos mais velhos com pior saúde são mais suscetíveis aos efeitos nocivos do álcool devido a maiores riscos de uso de drogas que interagem com o álcool e menor tolerância ao álcool, propriamente dito.
Vinho reduz riscos
O estudo também destaca que a preferência por vinho, ou beber apenas durante as refeições, parecia reduzir o risco de morte para as pessoas com problemas de saúde.
Nesse caso, a hipótese é que fatores como os componentes não alcoólicos do vinho ou a absorção mais lenta do álcool ingerido com as refeições possam levar a esse efeito.
No entanto, o estudo tem limitações, incluindo o fato de que os dados sobre consumo de álcool foram baseados em autorrelato. Futuras pesquisas devem ajudar a compreender melhor essa relação.
Parar de beber álcool faz bem
Mas por mais que as pequenas quantidades de álcool possam ter alguns benefícios para pessoas mais velhas com maior risco de doenças, os próprios pesquisadores do estudo já alertam: esses benefícios são pequenos e podem ser alcançados de outras maneiras, por exemplo, com uma dieta melhor ou mais exercícios.
E se olharmos para estudos anteriores, vamos perceber que o benefício de abdicar do álcool é bem maior: não beber álcool por 18 dias melhora o seu nível de cognição, por exemplo. Isso porque a ingestão de qualquer quantidade de álcool faz mal ao cérebro.
Fonte: JAMA Network Open