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Disfunção de proteína no cérebro provoca declínio cognitivo

Por  • Editado por Luciana Zaramela |  • 

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Reprodução: kjpargeter/Freepik
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O declínio cognitivo é um processo natural que acompanha o envelhecimento humano, independente de um diagnóstico de Alzheimer ou não. Mesmo que seja uma condição universal, a ciência pouco sabe sobre os mecanismos que provocam a perda de memória e de raciocínio com o passar dos anos. Agora, novos estudos apontam para a importante ação da proteína CaMKII e da sua desprogramação.

Em estudo, publicado na revista Science Signaling, pesquisadores da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, apontam para a relevância desta proteína em algumas funções do cérebro, como as habilidades de memória e a capacidade de aprendizado, especialmente em pessoas jovens. Em indivíduos mais velhos, é comum a sua desregulação e, consequentemente, é um dos marcadores dos problemas cognitivos.

Em termos mais técnicos, o envelhecimento diminui a intensidade do processo conhecido pelo nome de S-nitrosilação, que age de modo a regular a expressão e a função das proteínas. Sem esse mecanismo, algumas proteínas, como a CaMKII, passam a atuar de forma disfuncional.

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O mecanismo que ativa o declínio cognitivo

Para validar a hipótese sobre a importância da atividade desta proteína, os pesquisadores estadunidenses realizaram testes em modelos animais. Em camundongos jovens, a CaMKII foi intencionalmente desprogramada. Com isso, os autores afirmam que os roedores passaram a ter um nível de cognição semelhante ao dos camundongos mais velhos.

Como o envelhecimento segue processos semelhantes entre humanos e camundongos, os cientistas entendem que o mesmo deve ocorrer no cérebro humano, quando as atividades da proteína são desprogramadas. Neste momento, a memória, a capacidade de aprendizado e outras funções executivas deixam de ser tão eficazes.

“O atual estudo mostra que uma diminuição na ação da CaMKII é suficiente para causar deficiências na plasticidade sináptica e na memória que são semelhantes no envelhecimento”, pontua Ulli Bayer, professor de farmacologia da universidade, em nota.

Novos tratamentos para a memória

Hoje, a maioria dos estudos busca formas de manter a mente funcional e ativa em idosos — por exemplo, aprender novos idiomas, ter amigos e ser otimista ajudam a proteger o cérebro. No entanto, existe pouco o que pode ser feito, no campo da farmacologia, para retardar quimicamente o declínio cognitivo de pessoas saudáveis.

Neste ponto, os cientistas entendem ser necessária a descoberta de mecanismos que mantêm a programação e as funções da proteína CaMKII, como são em cérebros mais jovens. Em tese, isso pode ser feito, e é justamente este o caminho que a equipe vai buscar. Será uma forma de desacelerar o envelhecimento mental.

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Quando uma terapia estiver pronta para o mercado, ela terá, por enquanto, um uso limitado. É esperado que funcione apenas em cérebro saudáveis, que estão envelhecendo. Quando o paciente tem Alzheimer ou outro tipo de demência, existem outros mecanismos disfuncionais promovendo o declínio cognitivo, como o acúmulo da proteína Tau, que não serão resolvidos pela correção da atividade desta proteína específica.

Fonte: Science Signaling e Universidade do Colorado