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COVID-19 | Especialistas levantam possibilidade de transmissão de mãe para feto

Por| 27 de Julho de 2020 às 13h50

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Daniel Reche/PIxabay
Daniel Reche/PIxabay

Em um momento tão conturbado quanto o que estamos vivendo atualmente graças à pandemia, a maternidade tem sido um assunto mais delicado do que nunca. Com isso em mente, especialistas têm prestado atenção na possibilidade de gestantes passarem COVID-19 para os fetos por meio de infecção intra-uterina.

Desde o início da pandemia, houve numerosos relatos de bebês, até recém-nascidos, diagnosticados com COVID-19. Embora a maioria dessas infecções tenha sido leve ou assintomática, chegou a haver casos graves e até relatos de mortes. Nos recém-nascidos que foram testados, não ficou claro exatamente como adquiriram a infecção — se foi a exposição a fluidos corporais maternos, se foi antes do parto, com o vírus escapando dos mecanismos de proteção da placenta. Embora seja provavelmente um evento raro, os especialistas da área estão coletando evidências crescentes de que essa transmissão intra-uterina ocorre.

De acordo com o pediatra Clay Jones, do site norte-americano Science Based-Medicine, existem inúmeros agentes infecciosos que podem passar da mãe para o feto, e muitas infecções intra-uterinas causam danos antes do parto e podem resultar na perda da gravidez ou na necessidade de intervenção médica urgente no momento do parto. Antes da SARS-CoV-2, o Zika vírus era a causa mais recente de infecções intra-uterinas.

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O especialista aponta que entre 2 e 5% dos bebês nascidos de mães com COVID-19 apresentaram resultados positivos nas primeiras 96 horas de vida, a maioria sem desenvolver sintomas. No início deste mês, vários relatórios foram publicados levantando a possibilidade de infecção intra-uterina, mas outras causas potenciais de febre e dificuldade respiratória em um recém-nascido foram consideradas, como pneumonia bacteriana ou sepse (uma doença complexa e potencialmente grave, desencadeada por uma resposta inflamatória sistêmica acentuada diante de uma infecção, na maior parte das vezes causada por bactérias).

Frente a isso, o pediatra relembra um caso em que o Hospital Infantil do Texas realizou exames da placenta que mostraram inflamação, e os testes de anticorpos do tecido deram positivo para SARS-CoV-2. Eles até realizaram exames por microscopia eletrônica, que revelaram estruturas consistentes com partículas virais.

O especialista ainda cita um segundo caso de um bebê de 35 semanas nascido de uma mãe com COVID-19 e que desenvolveu sintomas neurológicos e descobriu-se que havia evidência de inflamação no fluido espinhal que se acredita ter sido causada pelo COVID-19. Assim como no primeiro caso, descobriu-se que o bebê apresentava evidência de infecção por SARS-CoV-2 e a placenta estava inflamada e cheia de vírus.

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Com precauções, mães não passam COVID-19

Em contrapartida, ainda neste mês de julho, um estudo publicado na revista norte-americana The Lancet Child & Adolescent Health apontou que é improvável que mães infectadas pela COVID-19 passem o vírus para seus bebês recém-nascidos, se forem tomadas as devidas precauções.

O estudo, envolvendo 120 bebês nascidos de mães com infecção por COVID-19, não encontrou casos de transmissão do vírus durante o parto ou após duas semanas de amamentação e contato pele a pele. Os resultados sugerem que as mães com infecção por COVID-19 podem amamentar e permanecer no mesmo quarto do recém-nascido com segurança, se usarem máscara e seguirem os procedimentos de controle de infecção.

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Fonte: Science Based-Medicine