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COVID-19 | 25% dos pacientes intubados morrem após alta por conta de sequelas

Por| 22 de Fevereiro de 2021 às 16h30

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Daan Stevens/Unsplash
Daan Stevens/Unsplash

A população já está ciente do quão a COVID-19 pode ser devastadora. No entanto, dia após dia surgem novas descobertas e novos dados em torno da doença. E, dessa vez, um estudo liderado por oito hospitais e institutos de pesquisa brasileiros (Albert Einstein, HCor, Sírio-Libanês, Moinhos de Vento, Oswaldo Cruz, Beneficência Portuguesa, Brazilian Clinical Research Institute, Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva) apontou que um em cada quatro pacientes intubados a um estado grave de COVID-19 acaba morrendo por sequelas.

O estudo envolve 1.200 pacientes que foram internados em estado grave e monitorados por ligações telefônicas periódicas após a alta hospitalar. Os primeiros resultados envolveram 1.006, mas a ideia é envolver mais pacientes com o tempo. Por meio dessas ligações, os pesquisadores buscam compreender se houve reinternação, ou se os pacientes que tiveram alta enfrentaram problemas cardiovasculares ou falta de ar, e se voltaram ao trabalho.

Considerando a análise, dentro de um período de seis meses, a taxa de nova hospitalização geral desses pacientes foi de 17%. Entre os intubados na primeira internação por COVID-19, 40% tiveram que ser reinternados. Além disso, 20% dos pacientes que foram intubados ainda não tinham voltado a trabalhar seis meses após deixarem o hospital. Entre os que não precisaram de ventilação mecânica, foram 5%.

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Os primeiros resultados desse estudo também apontaram alta taxa de queixas de transtornos mentais após a alta hospitalar: 22% relatam ansiedade, 19%, depressão e 11%, estresse pós-traumático. Enquanto isso, os pesquisadores levantam atenção para os efeitos da chamada "síndrome pós-UTI" nos pacientes que foram intubados, o que acaba gerando fraqueza muscular e redução da capacidade física. Isso porque os pacientes intubados usam uma medicação chamada de neurobloqueador, que "desliga" os músculos.

Vale apontar, também, que o Hospital das Clínicas da USP tem investigado disfunções cognitivas causadas pela COVID-19, mesmo em pessoas assintomáticas ou que tiveram sintomas leves. Mais 400 pacientes "recuperados" estão sendo acompanhados na pesquisa. Já uma outra pesquisa, feita pela FMRP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto) da USP, aponta que 64% dos pacientes recuperados têm algum sintoma persistente seis meses depois da remissão da doença.

Fonte: Folha de S. Paulo