Coronavírus é encontrado no cérebro de pacientes mortos por COVID-19
Por Natalie Rosa | 12 de Outubro de 2020 às 14h00
Mesmo após a morte, o coronavírus pode se manter ativo no cérebro humano, segundo um estudo recente publicado na revista científica The Lancet Neurology na última semana (5).
- Coronavírus "morre" em temperaturas acima de 36°C: mito ou verdade?
- Afinal, dá para pegar COVID pelo ar? O que dizem os cientistas e, agora, o CDC
- Ministro da Saúde afirma que vacina contra COVID-19 chegará, em breve, no SUS
Em autópsias feitas com cadáveres de pessoas que morreram devido à doença, os pesquisadores descobriram que o vírus pode alcançar o sistema nervoso central da vítima, fato que pode ajudar a comunidade médica em estudos referentes às condições neurológicas enfrentadas com a contaminação, além de descobrir melhores formas de tratamento.
A análise foi feita com amostras de somente 43 cadáveres de idades diferentes, com 53% deles apresentando o vírus no tecido cerebral, o que torna o estudo um pouco limitador, apesar de apontar a presença na maioria. No entanto, a equipe responsável pela pesquisa, que atua no Centro Médico Universitário de Hamburg-Eppendorf, concluiu que os sintomas neurológicos provocados pela COVID-19 são provocados devido à resposta do sistema imunológico ao vírus que apareceu no órgão, e não pelo SARS-CoV-2 em si.
"Nós não vimos mudanças neuropatológicas mais severas em pacientes com cargas virais altas quando em comparação com aqueles que não tinham a presença do vírus, mas a reação imunológica ao vírus dentro do cérebro — o que começamos a definir nesse estudo — está lá", explica o neuropatologista Dr. Markus Glatzel. O cientista explica ainda que isso os fazem pensar que a reação neuroimune pode ser um fator que explique os sintomas neurológicos vistos em pacientes com a COVID-19.
As vítimas do estudo tinham entre 51 a 94 anos, com idade média de 76, todos atestando positivo para a COVID-19. Destes pacientes, cerca de dois terços (63%) eram homens, e quase todos (93%) possuíam doenças crônicas pré-existentes, como problemas cardiorrespiratórios, enquanto 30% tinham doenças neurológicas pré-existentes, como doenças neurodegenarativas ou epilepsia. As mortes foram provocadas, principalmente, por condições respiratórias, como pneumonia viral, e 74% deles faleceram no hospital.
Fonte: MedPage Today