Butantan solicita para Anvisa uso emergencial da CoronaVac em crianças
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 12 de Julho de 2021 às 10h19
Na campanha de imunização nacional contra a COVID-19, o foco ainda é a população com mais de 18 anos. Neste grupo, 14,4% da população está completamente imunizada (2 doses ou vacina de dose única), segundo o consórcio de veículos da imprensa. Agora, o próximo objetivo a ser organizado é a vacinação contra a COVID-19 de crianças e adolescentes. O Instituto Butantan já aguarda autorização de Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ampliar o uso da CoronaVac.
- CoronaVac é segura e gera anticorpos em crianças a partir de 3 anos, diz estudo
- Eis o que sabemos sobre vacinação de grávidas contra a COVID-19
- Risco de COVID-19 grave em crianças é muito baixo, aponta estudo
No domingo (11), o presidente do Butantan, Dimas Covas, anunciou que foi solicitada, para a Anvisa, a autorização emergencial de uso da CoronaVac — vacina contra a COVID-19 desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac com o próprio instituto — em crianças a partir de 3 anos. A afirmação foi feita durante coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado de São Paulo.
“O estudo de segurança em crianças a partir dos 3 anos já está de posse da Anvisa. Esperamos que seja incorporada essa utilização na autorização de uso emergencial [da CoronaVac] sem a necessidade de estudos adicionais feitos aqui, no Brasil”, declarou o presidente do Butantan. O estudo foi feito com crianças e adolescentes de 3 a 17 anos na China.
CoronaVac em crianças
O estudo de Fase1/2 sobre o uso da CoronaVac em crianças foi publicado na revista científica The Lancet e avaliou a segurança da fórmula contra a COVID-19 em 552 participantes saudáveis de 3 a 17 anos, na província chinesa de Hebei. Segundo o artigo, após duas doses aplicadas em um intervalo de 28 dias, mais de 96% do grupo testado produziu anticorpos contra o coronavírus SARS-CoV-2.
O ensaio clínico foi do tipo randomizado, duplo-cego e controlado. Isso significa que os participantes receberam a CoronaVac ou o placebo, de forma aleatória, e participantes e médicos não sabiam o que cada um recebeu naquele momento. Na pesquisa, também foram avaliadas duas concentrações de vacinas por dose: 1,5 µg; e 3 µg.
Vale ressaltar que o estudo foi conduzido por pesquisadores da Sinovac Biotech, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças de Hebei, Institutos Nacionais de Controle de Alimentos e Medicamentos de Pequim, Centro de Controle e Prevenção de Doenças de Zanhuang e o Beijing Key Tech Statistics Technology.
Vacinação de crianças no Brasil
No Brasil, a Anvisa aprovou apenas a vacina da Pfizer/BioNTech para adolescentes de 12 a 17 anos, no entanto, os jovens ainda não recebem a imunização contra a COVID-19, de forma geral. Isso porque o objetivo é priorizar a população adulta. Até o momento, não há uma previsão de vacinação de crianças e esta dependerá do Ministério da Saúde.
No futuro, o imunizante da Sinovac pode ampliar a cobertura vacinal brasileira, caso receba autorização de uso da Anvisa, e poderá auxiliar na imunização de crianças. A vantagem será que as doses podem ser envasadas nacionalmente, com suporte do próprio Butantan e insumos importados.
Para acessar o estudo completo de Fase 2 sobre a CoronaVac em crianças, publicado na revista científica The Lancet, clique aqui.
Fonte: R7