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Como saber se a creatina é adulterada?

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Luciana Zaramela/Canaltech
Luciana Zaramela/Canaltech

Com efeito na melhora da recuperação dos músculos, a creatina é um suplemento bastante popular para os adeptos da musculação, os que praticam outras modalidades esportivas e até entre os idosos. Entretanto, os benefícios para a saúde somente são alcançados quando o produto é de verdade e não foi adulterado. Para fazer essa checagem, existem diferentes estratégias válidas, incluindo os testes caseiros

A importância de confirmar se a creatina foi ou não adulterada se torna ainda mais relevante com o último relatório da Associação Brasileira das Empresas de Produtos Nutricionais (Abenutri). O time de associação testou inúmeras marcas vendidas no mercado e reprovou 25 por elevada concentração de impurezas — os produtos não respeitam os padrões de porcentagem de pureza pré-determinados. Assim, o consumidor "compra gato por lebre". Em alguns casos, o pó branco vendido não tinha nem traço de creatina.   

Para entender a melhor forma de avaliar a creatina em casa e como realizar testes caseiros, o Canaltech conversou com a Camila de Paula Pereira Uzam, farmacêutica e coordenadora do curso de farmácia da Universidade Cidade de S. Paulo (UNICID).

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O que é creatina?

Antes de seguir, é importante lembrarmos o que é a creatina. É uma substância formada por aminoácidos e produzida pelo corpo. Também pode ser encontrada em alguns alimentos, como carne vermelha, peixe e frango, além de suplementos. Dentro do organismo, atua como uma espécie de combustível para os músculos e, assim, contribui para o crescimento muscular (quando associada a exercícios físicos, que devem ser frequentes).

Teste sensorial da creatina

Para a farmacêutica Uzam, a primeira avaliação que qualquer pessoa que compra creatina precisa fazer é o teste sensorial — quem tem certa familiaridade com o produto sai em vantagem aqui. "A creatina é praticamente insípida (sem sabor) e inodora (sem cheiro)", destaca a especialista.

Caso a pessoa sinta cheiro ou sabor, é altamente provável que a creatina está adulterada. Outro ponto é que a creatina é vendida na forma de um pó branco e fino. "Alterações na textura, presença de grânulos ou alterações na cor indicam adulteração", pontua.

Como saber se a creatina é adulterada com teste do iodo?

Após a avaliação inicial, é possível fazer alguns testes mais detalhados para verificar se há alguma adulteração específica ou não. Em alguns casos ilícitos, os "fabricantes" podem misturar amido na creatina, o que aumenta o volume do pó e, consequentemente, o possível lucro com a adulteração. 

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Neste caso, o iodo pode ajudar a descobrir a mistura indesejada. Isso porque "o iodo reage com o amido, formando um complexo de cor azul-escura ou preta", explica a farmacêutica. Para fazer esse tipo de checagem, vale seguir os três seguintes passos, todos bem simples:

  1. Dissolva uma pequena quantidade da creatina em um pouco de água. Aqui, é importante observar que a creatina pura é apenas parcialmente solúvel, então, é normal que reste resíduo;
  2. Adicione algumas gotas de solução de iodo à mistura. A solução pode ser adquirida em farmácias;
  3. Observe se ocorre mudança de cor. O aparecimento de uma coloração azul-escura ou preta indica a presença de amido.

Teste caseiro da decantação da creatina

Como Uzam adiantou no teste anterior, outra forma mais informal de avaliar a pureza da creatina é o teste da decantação em 5 minutos — a tática é bastante compartilhada nas redes sociais, como no TikTok, por exemplo. Isso porque a creatina não vai se dissolver totalmente na água do copo.

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No entanto, a especialista destaca que este teste é apenas "parcialmente válido". "Ao adicionar uma medida em um copo, espera-se que uma parte realmente se dissolva e a outra não, o que resulta em um processo natural de decantação", explica. O problema é que os produtos usados na adulteração podem manter essa característica. Assim, fica impossível distinguir o produto de interesse e o contaminante.

Risco da creatina adulterada para a saúde

Os riscos de consumir um produto adulterado variam muito, já que não se sabe o que foi acrescentado na mistura. "No caso do amido e do açúcar, a adição visa conferir volume e diluir a creatina, o que pode 'baratear' o produto. Para o consumidor, não se espera a ocorrência de efeitos tóxicos, mas sim uma redução da eficácia", detalha. 

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Por outro lado, "algumas marcas podem conter contaminantes tóxicos, como metais pesados — chumbo, mercúrio, cádmio, arsênio, entre outros. Essas substâncias, fora das concentrações limites, ainda que pequenas, podem causar efeitos indesejáveis na saúde, como problemas neurológicos, hepáticos ou renais", completa a farmacêutica.  

Teste com cautela

É importante observar que os testes caseiros não garantem a pureza da creatina, mesmo que ajudem em casos de adulteração mais grosseiras. "A determinação de pureza e outros ensaios mais específicos devem ser conduzidos em laboratórios através de metodologias validadas e instrumentação adequada", lembra a especialista.

Existem outras formas de checar a qualidade da creatina, importantes de serem avaliadas antes da compra. Uma possibilidade é consultar o relatório mais recente da Abenutri, sempre divulgado no site oficial da associação, envolvendo os testes de pureza. Também é recomendável que o consumidor fique atento e verifique se o produto possui os registros e certificações adequados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e órgãos sanitários responsáveis.

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Fonte: Com informações: Abenutri