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Como as health techs estão se reerguendo em meio à pandemia?

Por| 29 de Junho de 2020 às 14h46

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Como as health techs estão se reerguendo em meio à pandemia?
Como as health techs estão se reerguendo em meio à pandemia?

Definida pela Organização Mundial da Saúde como a "aplicação de conhecimentos e habilidades organizadas na forma de dispositivos, medicamentos, vacinas, procedimentos e sistemas desenvolvidos para resolver um problema de saúde e melhorar a qualidade de vida", a health tech já vinha conquistando seu devido espaço no mundo das startups. Entretanto, com a pandemia, a tarefa de manter as health techs em ascensão acabou se tornando muito mais desafiadora. Então nos perguntamos o seguinte: o que será que esse nicho está desenvolvendo para se reerguer?

Sobre este cenário, Marcus Figueredo, um dos fundadores da Hi Technologies, empresa que crio o Hilab, menor laboratório do mundo e desenvolveu um teste para para COVID-19 que está sendo disponibilizado para todo o país, diz o seguinte: "Em tempos de pandemia, essas barreiras precisam ser revistas. Temos conhecimento sobre a velocidade de disseminação do coronavírus e sua taxa de letalidade. O sistema de saúde como um todo precisa responder de forma rápida. No cenário que estamos vivendo, temos que aceitar as novas tecnologias para também conseguirmos desenvolver capacidade de tratamento".

Marcus ainda acrescenta: "A principal dificuldade da saúde, que está sendo superada, é a necessidade de abraçar a inovações com velocidade, aceitar as mudanças e dar uma resposta ágil para o combate ao vírus. Por isso, mudar as regras do jogo e causar disrupções tecnológicas é necessário para vencer a pandemia".

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Já em relação às possibilidades, Marcus aponta que as tecnologias que podem virar o jogo estão aí: exames de sangue pela Internet, telemedicina, Inteligência Artificial, etc. "Não tenho dúvidas que esses três campos da tecnologia irão contribuir em muito ao combate à COVID-19. Mas acredito que o mais importante é mudarmos a mentalidade do setor e aprender a abraçar a inovação com mais agilidade. Não podemos esquecer que todas essas tecnologias já existiam há algum tempo no mercado, e não estavam ainda mais disseminadas no setor por razões que se mostram hoje pequenas", aponta. Separamos algumas maneiras que health techs encontraram para se adaptar a este cenário:

Plataforma acessível

As medidas de isolamento social provocadas pela pandemia de coronavírus têm causado mudanças acentuadas na economia. Seja por perda salarial, desemprego ou impossibilidade de trabalhar, as pessoas estão cortando gastos nas mais variadas áreas, e na saúde isso também vem acontecendo. Pensando nisso, a Pop Saúde, criada pela Venture Builder B4B.ventures, está chegando ao mercado com o objetivo de atender a parcela da população que não tem condições financeiras de arcar com um plano de saúde e não quer depender exclusivamente do SUS.

De acordo com o CEO da empresa, Alexandre Gallo, o foco do lançamento tem um cunho social, ajudando as pessoas menos favorecidas na detecção dos sintomas iniciais da COVID-19, evitando que os índices de contágio se elevem ainda mais. “Estamos falando de uma fatia grande de mercado que deixou recentemente de ter plano de saúde. Nosso objetivo é alcançar um milhão de clientes até o fim de 2021, com a missão de proporcionar acesso à saúde e bem-estar para todas as camadas da população, por meio de um atendimento digno e de qualidade. Nós nos unimos às melhores empresas do setor de saúde, assistência, telemedicina e tecnologia”, explica Gallo.

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Questionado pelo Canaltech sobre como surgiu a ideia de criar a plataforma e as condições na área da saúde/economia que levaram a isso, Gallo conta: "Nosso principal objetivo é proporcionar acesso à saúde de qualidade por um valor que qualquer um pode pagar. Criamos uma assinatura familiar como alternativa de acesso a saúde-benefícios para os 70% da população que não pode pagar por um convênio médico e dependem apenas do SUS, então nos unimos aos melhores fornecedores de saúde, assistência e tecnologia para que através de nosso aplicativo, de uma maneira simples e descomplicada possamos proporcionar acesso a rede privada, sem as longas filas de espera do sistema de saúde atual e com preços que qualquer um possa pagar".

Já em relação à importância do surgimento desse nicho de plataformas de saúde de baixo custo, o CEO afirma: "Viemos para desruptar a forma atual de acesso a saúde, o sistema público atual não é sustentável e os valores dos planos de saúde estão longe da realidade da maioria da população. Precisamos divulgar esse novo modelo de acesso à saúde através de assinatura. Hoje temos assinatura de filmes, música, games, etc, mas no campo da saúde somos os primeiros em nível nacional".

Para Gallo, as health techs estão conseguindo contornar a situação da pandemia: "Considerando que 80% dos infectados tem quadros leves, a tecnologia da teleconsulta ajudou muito. Essa parcela dos infectados consegue atendimento e orientação sem precisar se deslocar. Isso traz, além da comodidade para o paciente, diminuição da taxa de transmissão, já que evita o deslocamento e o uso do transporte público pelo doente, que pode continuar isolado em casa".

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Equipamentos hospitalares

A Olabi, organização social que busca democratizar a produção de tecnologias no Brasil, formou parcerias para conectar iniciativas públicas e privadas que estejam produzindo suprimentos hospitalares e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para profissionais de saúde. A iniciativa tem o apoio, dentre outras organizações, do Google.org, braço filantrópico do Google. A parceria vai ocorrer por meio da recém-lançada ProtegeBR, plataforma on-line que está ajudando a conectar instituições de saúde a fornecedores e fabricantes de equipamentos, como ventiladores, respiradores, entre outros, com objetivo de ajudar no combate à COVID-19.

O programa mantém contato com secretarias municipais e estaduais de saúde e instituições que possuem envolvimento com essas demandas, além de convidar indústrias para fabricar equipamentos já prototipados, testados e validados por hospitais.

Os equipamentos vão dos mais simples, como máscaras caseiras, óculos de proteção, aventais, capotes impermeáveis e face shields (viseiras de acetato), até peças e artefatos mais sofisticados como ventiladores respiratórios, laringoscópios e tubos para respiração. Vários produtos têm saído de oficinas caseiras e laboratórios universitários capitaneados por pesquisadores, designers e engenheiros espalhados pelo mundo.

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Teleplantão

Nesse contexto da pandemia, em abril, a healthtech BoaConsulta, que desenvolveu um app para agendamento de consultas, fez seu primeiro piloto de telemedicina, com múltiplos atendimentos em um único período de tempo. Em seguida, passou a disponibilizar teleplantões para uma base de pacientes cadastrados pré-selecionada. O atendimento serviu para tirar dúvidas em relação ao COVID-19: quais os sintomas, quais as medidas que devem ser tomadas pelo paciente, entre outros. A solução completa de telemedicina foi disponibilizada a todos prestadores cadastrados, ainda na primeira metade de abril.

A plataforma registra mais de 1 milhão de buscas todos os meses e 1,7 milhão de agendamentos realizados. Já é mais de 1,5 milhão de pacientes cadastrados e 38 mil especialistas no app.

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Receita médica digital

Enquanto isso, foi lançada uma nova health tech em meio à pandemia para ajudar médicos e pacientes a agilizarem a dinâmica de prescrição médica, com uma plataforma que digitaliza o receituário. Após três anos de pesquisa e desenvolvimento de software, a plataforma nasceu para gerar e armazenar receitas de diversos medicamentos de forma 100% digital.

Na prática, a nova forma de gerar receitas simplifica o armazenamento de dados e histórico de cada paciente para um controle dos sintomas, facilitando a implementação de recomendações corretivas ou preventivas para evitar problemas de saúde ou doenças futuras. Já os pacientes cadastrados conseguem gerenciar seu histórico médico, ter acesso aos remédios controlados de forma eficaz e aos dados da carteira de vacinação. Para as farmácias, o Dr. Controle é um suporte para o controle de estoque e venda, além de ser uma plataforma de auditoria de venda de medicamento.

Além das health techs

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Se por um lado as health techs estão encontrando seu espaço nessa pandemia, enquanto isso, a ciência também está fazendo a sua parte, com pesquisadores concentrados em invenções que visam facilitar, de alguma forma, na área da saúde. O Centro de Estudos em Telecomunicações (CETUC), que faz parte do Centro Técnico Científico da PUC-Rio (CTC/PUC-Rio), está liderando uma iniciativa de desenvolvimento de um oxímetro (aparelho que mede a taxa de oxigenação no sangue e frequência cardíaca) equipado com um circuito eletrônico e um sensor capaz de se conectar via wi-fi e enviar os dados do paciente a uma central médica, para acompanhamento remoto.

Uma rede de 15 pesquisadores da PUC-Rio, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e Inmetro submeteu o projeto em abril ao Edital de Seleção Emergencial I, Prevenção e Combate a Surtos, Endemias, Epidemias e Pandemias, da Capes.

A ideia do projeto é conectar o oxímetro a uma rede sem fio (rede LoraWAN), sem que o paciente tenha acesso aos dados, apenas os médicos. Segundo os pesquisadores, o paciente sequer precisa ter uma rede Wi-Fi em casa para o equipamento funcionar. Os dados podem ser tratados por meio de algoritmos de inteligência artificial para antecipar a necessidade de atendimento a uma pessoa com suspeita de hipóxia silenciosa causada por COVID-19.

Marco Antonio Grivet, professor do CETUC e coordenador do projeto, afirma que a detecção precoce desse fenômeno através de um oxímetro permite ao médico iniciar um tratamento mais rápido e eficiente da doença, sem a necessidade de se aguardar o resultado de um teste de coronavírus em um hospital ou consultório médico. Já o mentor do projeto, Marcelo Balisteri, supervisor de redes do CETUC/PUC-Rio, conta que através de uma solução envolvendo Internet das Coisas, desenvolveram um sensor de oximetria capaz de coletar e enviar dados de leitura de forma automática, segura e integrada por meio de um modem LPWAN, utilizando a tecnologia de transmissão LoraWAN, semelhante a uma rede celular e de baixíssimo custo, com o propósito de servir a dispositivos de sensoriamento remoto.