Como a cafeína é removida do café descafeinado?
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Por causa da cafeína, o café — e alguns tipos de chá e chocolate — funciona como um ótimo estimulante, mas também pode viciar. E este tipo de estímulo pode ser indesejado para algumas pessoas. Quando você quer sentir apenas o gostinho do café, sem nenhuma alteração no sistema nervoso, é possível optar pela versão descafeinada.
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A versão descafeinada do café evita inúmeras alterações fisiológicas comuns para quem toma muitas xícaras da versão tradicional da bebida, como ansiedade, insônia e até palpitações cardíacas. No entanto, o processo de extração da cafeína dos grãos não é simples e foi descoberto apenas em 1903 — algo relativamente novo na história do grão, que é consumido pela humanidade há séculos.
Vale explicar que o processo de descafeinação não deve alterar o sabor do café. Além disso, é feito antes da torra dos grãos. "A descafeinação acontece quando o café ainda está verde, antes de ser torrado. Se você fosse tentar descafeinar um café torrado, acabaria fazendo algo que tem gosto de palha", explica Chris Stemman, diretor-executivo da associação British Coffee, para a BBC.
Como remover a cafeína do café?
De acordo com a International Coffee Organization (ICO), existem quatro métodos reconhecidos de extração da cafeína dos grãos de café. A seguir, confira quais são:
- Método hídrico;
- Método do acetato de etila;
- Método do dióxido de carbono supercrítico e método do dióxido de carbono líquido;
- Método do cloreto de metileno.
Em comum, os quatro métodos compartilham mesmas etapas de tratamento dos grãos do café e somente se distinguem pela forma de extração da cafeína.
Como é feito o café descafeinado?
Na primeira etapa da produção do café descafeinado, independente do método escolhido, ocorre a intumescência dos grãos de café verde em água ou vapor. É como se os grãos fossem deixados para "inchar" e, neste processo, diferentes substâncias são acrescentadas para completar a extração.
No método do acetato de etila (AE), os responsáveis pelo processo usam uma mistura de água e acetato de etila. "No recipiente utilizado para a extração, faz-se o AE circular em volta dos grãos embebidos em água para extrair a cafeína. Deixa-se então escorrer do recipiente a mistura de água, acetato de etila e cafeína. Esta fase é repetida várias vezes, até que o teor residual de cafeína tenha alcançado ou esteja abaixo do nível máximo permitido por lei de 0,1%", detalha a IOC.
O método que usa o gás carbônico só é feito para a produção em larga escala, do contrário não é economicamente viável. Isso porque trabalhar com o CO2 líquido, para extrair a cafeína, requer pressões altas e temperaturas bastante precisas.
Na maioria dos casos de extração da cafeína, a próxima etapa é a remoção a vapor de todos os potenciais resíduos de solventes que ficaram nos grãos. Em alguns casos, pode ocorrer a regeneração dos adsorventes, também. Por fim, é feita a secagem dos grãos descafeinados, que voltam a apresentar o teor normal de umidade.
Vale explicar que as tecnologias de extração de cafeína são novas. Isso porque o primeiro processo, desenvolvido por Ludwig Roselius, em 1903, era potencialmente cancerígeno. O risco estava no uso do benzeno para dissolver a cafeína dos grãos antes da torra. Hoje, os métodos são mais seguros e não apresentam esse risco.