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Com taxa de contágio acima de 1, epidemia da COVID-19 avança em SP

Por| 18 de Janeiro de 2021 às 17h00

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 Li Lin/ Unsplash
Li Lin/ Unsplash

Desde a confirmação do primeiro caso do novo coronavírus (SARS-CoV-2), o estado de São Paulo registrou, nesta semana, ums taxa de transmissão da COVID-19 — também conhecida como Rt ou taxa R — acima de 1 em todas as regiões, de forma simultânea. Os dados são da Info Tracker, uma ferramenta de monitoramento desenvolvida pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e pela universidade de São Paulo (USP).

"Todas as regiões no estado [que somam 22 departamentos regionais] estão acima [de 1], e essa é a primeira vez. A última vez que a taxa se elevou foi no começo da segunda onda, na metade de novembro. Na época, 15 estavam acima de 1", afirma Wallace Casaca, pesquisador da Unesp e integrante da Info Tracker, para o Uol.

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Para entender isso melhor: quando o Rt é superior a 1, cada infectado transmite a infecção para mais de uma pessoa e a COVID-19 avança. Com a taxa de 1,01, por exemplo, cada 100 pessoas infectadas pelo novo coronavírus conseguem transmitir a doença para outras 101 pessoas, ou seja, o número de doentes volta a crescer. Para evitar que esse índice cresça mais, é importante o rastreio de casos de pessoas infectadas e o isolamento desses casos.

Taxa de transmissão da COVID-19 em SP

No estado, a taxa média está em 1,34, no entanto, não é a mesma para todas as regiões. "Hoje, a taxa [da capital] São Paulo é 1,45. Multiplicar a taxa por 100 doentes significa que eles podem contaminar 145 pessoas, que por sua vez devem infectar 210. Se continuar fazendo a conta, esse número não vai parar de crescer", explica Casaca.

Em situação mais grave, a região conhecida como Grande São Paulo Norte (Caieiras, Cajamar, Francisco Morato, Franco da Rocha e Mairiporã) registra uma Rt de 2,52. Em outras palavras, cada 100 infectados adoecem outras 252 pessoas.

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Segundo a Info Tracker, o aumento da Rt começou a ser observado, de forma mais clara, a partir do dia 5 de janeiro no estado. Dessa forma, o crescimento do contágio pode ser relacionado aos eventos e reuniões de final de ano. "Houve um aumento generalizado depois das festas", aponta Casaca.

Efeito da Rt acima de 1

"Se no estado de São Paulo essa taxa [a cima de 1] se mantiver pelas próximas semanas, os hospitais vão lotar ainda mais. Se ficar acima disso por um mês, será preciso lockdown", explica o pesquisador sobre a possibilidade de uma das atitudes mais drásticas para o controle da COVID-19. Com o bloqueio de todas as atividades não consideradas fundamentais, a Rt deve ser controlada de forma mais acelerada para evitar o colapso do sistema, como é observado em Manaus, onde falta oxigênio para pacientes internados.

"As pessoas perderam um pouco do medo e, por isso, acho muito difícil conscientizá-las no estágio em que a gente está. Além disso, não teremos resultados palpáveis da vacina tão rápido. Até abril, maio, a situação ainda será delicada mesmo se começarmos a vacinar hoje", reflete Casaca. No médio prazo, a imunização nacional contra a COVID-19, prevista para começar agora, às 17h desta segunda-feira (18), deve reduzir, de forma significativa, as internações em decorrência do coronavírus.

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No Brasil, a Rt atualmente é de 1,21, podendo variar entre 1,14 e 1,4, segundo o monitoramento do Imperial College de Londres, no Reino Unido. No entanto, esta é apenas um média, e algumas regiões podem ser mais afetadas pelo coronavírus do que outras.

Para acessar a plataforma Info Tracker, com atualizações em tempo real, clique aqui.

Fonte: Uol e Imperial College