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Cirurgias complexas podem aumentar riscos de Alzheimer? Estudo investiga relação

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Javier Matheu/ Unsplash
Javier Matheu/ Unsplash

Toda cirurgia tem seus riscos. Você sabia que é possível que desdobramentos possam causar outras alterações no organismo de uma pessoa, como originar doenças neurodegenerativas, após alguns tipos de procedimento? Em busca dessa resposta, pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, investigaram possíveis impactos dos pós-operatório no desenvolvimento do Alzheimer. 

Até o momento, as evidências científicas do efeito de uma grande cirurgia não são conclusivas para o relacionamento direto com qualquer condição neurodegenerativa. Além disso, o estudo avaliou os impactos de procedimentos em apenas 14 voluntários, conforme publicado na revista científica JAMA Neurology. 

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No entanto, os cientistas norte-americanos verificaram que os níveis sanguíneos de uma substância preditiva do início da doença de Alzheimer aumentaram acentuadamente durante a cirurgia cardíaca e permaneceram elevados por pelo menos dois dias após a cirurgia.

Perda temporária da capacidade mental

Em geral, grandes cirurgias desencadeiam uma elevada onda de estresse no corpo e diferentes tipos de inflamação se espalham, o que pode atingir também o cérebro, segundo o médico Martin Angst, anestesiologista da Universidade de Stanford e um dos autores do pequeno estudo.

Anteriormente, já era conhecido o fato de que a inflamação, principalmente a que ocorre no cérebro, pode explicar a acuidade mental — perda de marcadores da nitidez mental, como raciocínio, memória e foco — após uma grande cirurgia, mas esses efeitos tendem a ser temporários. 

Segundo pesquisas anteriores, o comprometimento das atividades mentais no pós-operatório é relatado por pelo menos 40% dos pacientes que se submetem a uma cirurgia cardíaca complexa. Em mais de 20% dessas pessoas, os sintomas permanecem, em média, por três meses. Em cerca de 10%, os déficits podem se prolongar por mais de um ano.

Acompanhando pacientes no pós-operatório

Agora, os cientistas norte-americanos buscaram avaliar os efeitos ainda mais duradouros, como o Alzheimer. No total, a equipe de pesquisa analisou amostras de sangue coletadas nos seguintes cenários: seis pacientes (idade média de 65 anos) submetidos à cirurgia cardíaca, que durou mais de 5h e envolveu circulação extracorpórea; e de oito pacientes (idade média de 76 anos) submetidos à cirurgia de substituição do quadril, concluída em 2h. 

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Em comum, todos os pacientes foram anestesiados e nenhum tinha diagnóstico prévio de Alzheimer ou demonstrava qualquer sinal de risco antes dos procedimentos, segundo os pesquisadores. Para o neurologista e pesquisador Mike Greicius, "uma grande cirurgia mostra que, pelo menos no curto prazo, aumenta os níveis sanguíneos de uma proteína que vemos como um indicador particularmente preciso da progressão da doença de Alzheimer”.  

“Esta é a primeira vez que a cirurgia é associada a mudanças bioquímicas que são sinais de alerta altamente específicos para esta doença devastadora”, completa o anestesiologista e também pesquisador Igor Feinstein.

Quais são as conclusões do estudo sobre Alzheimer?

No estudo, os cientistas analisaram a concentração de uma substância química no sangue chamada p-tau181, considerada um indicativo do início do Alzheimer antes das manifestações de sintomas.  Durante a cirurgia, os níveis sanguíneos de p-tau181 de pacientes da cirurgia cardíaca aumentaram mais de 5 vezes em todos os casos — excedendo os níveis preditivos de progressão para Alzheimer.  Esses níveis diminuíram após dois dias da cirurgia, mas permaneceram acima do normal no final da avaliação.

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Em pacientes que realizaram a operação do quadril, o aumento, embora presente, foi mais brando: 2,5 vezes na concentração da substância p-tau181. Após dois dias, eles voltaram  à normalidade. Vale destacar que o período de observação foi limitado —  apenas três dias —  e não se sabe qual a concentração após uma semana, por exemplo.

É consenso, entre os autores, que não há evidências de que qualquer um dos 14 pacientes desenvolverá a doença de Alzheimer ou qualquer outro problema cognitivo no futuro. Por outro lado, a descoberta abre caminhos para novos estudos nesta área, envolvendo maiores grupos de voluntários.

Para acessar a pesquisa completa, publicada na revista científica JAMA Neurology, clique aqui.

Fonte: Universidade de Stanford   

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