Psilocibina | Cientistas usam cogumelos para tratar alcoolismo
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela | •
Em estudo publicado na revista científica JAMA Psychiatry, um grupo de especialistas passou a testar cogumelos para tratar alcoolismo. Segundo o artigo, em oito meses de tratamento, os participantes viram o consumo excessivo de álcool cair 83%.
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Tudo gira em torno da psilocibina, substância que só pode ser encontrada em algumas espécies de cogumelo, como o Psilocybe cubensis e alguns parentes próximos. Para entender sua eficácia, os pesquisadores recrutaram 93 pessoas com alcoolismo, e cada uma passou por 12 semanas de psicoterapia.
Os participantes foram divididos então em dois grupos: o primeiro recebeu uma alta dose de psilocibina, enquanto a outra metade recebeu um placebo. No geral, os participantes do grupo de psilocibina consumiram 59% menos bebidas pesadas do que os do grupo placebo até o final do período do estudo.
“Nossas descobertas sugerem fortemente que a terapia com psilocibina é um meio promissor de tratar o transtorno por uso de álcool, uma doença complexa que se mostrou notoriamente difícil de gerenciar”, aponta o estudo.
Segundo o artigo, 48% daqueles que receberam psilocibina pararam de beber completamente, em comparação com apenas 24% daqueles que receberam o placebo. Os cientistas acreditam que, além do transtorno por uso de álcool, essa abordagem pode ser útil no tratamento de outros vícios, como tabagismo e uso de cocaína.
Cogumelos podem tratar depressão?
Em julho, um estudo canadense do Centre for Addiction and Mental Health (CAMH) passou a se concentrar nas qualidades antidepressivas da psilocibina, mas sem a experiência psicodélica que a substância proporciona. O período de testes será de três anos. A equipe irá comparar os resultados de 60 adultos com depressão resistente a tratamentos.
No entanto, não é a primeira vez que a ciência estuda cogumelos para tratar depressão. Um estudo conduzido pela farmacêutica britânica Compass Pathways apontou possíveis efeitos terapêuticos em pacientes diagnosticados com o transtorno. As descobertas foram publicadas na revista Translational Psychiatry em 2021.
Fonte: JAMA Psychiatry via IFL Science