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Associada à depressão, cientistas alertam para os riscos da poluição do ar

Por| 26 de Dezembro de 2019 às 15h15

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Martin Meissner/ AP/ The Guardian
Martin Meissner/ AP/ The Guardian

Que a poluição do ar em altos índices faz mal para a saúde, ninguém é capaz de discordar. Agora, um estudo do University College London (UCL) agrava, ainda mais, a questão. Os pesquisadores ingleses chegaram à conclusão de que a poluição do ar está diretamente relacionada a casos de depressão e até mesmo de suicídio.

Com uma abordagem relativamente inédita, o estudo do UCL é um dos primeiros a examinar as ligações entre saúde mental e poluição do ar, de forma global. Foram observados dados sobre a qualidade do ar de 16 países e, a partir da análise de quadros clínicos, constatou-se que pessoas expostas a altos níveis de poluição — sejam eles produzidos por carros ou pela indústria — têm cerca de 10% mais chances de sofrer com depressão.

Além disso, o grupo de pesquisadores descobriu que indivíduos expostos ao ar com poluentes tinham 2% mais possibilidades de cometer suicídio nos dias que sucederam a exposição. No entanto, os cientistas ainda não entendem, exatamente, como a poluição age no sistema nervoso para tornar as pessoas deprimidas. Também foi encontrada uma ligação tênue entre o ar poluído e a ansiedade.

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Desafios da descoberta

Embora os pesquisadores da UCL demonstrem a ligação entre a qualidade do ar e a saúde mental, eles ainda não descobriram, de forma geral, como exatamente a poluição do ar afeta o cérebro. Sabe-se que a poluição por partículas, como aquela que sai dos escapamentos e das chaminés, pode ir do ar para o sangue, chegando ao cérebro das pessoas.

Dessa maneira, a hipótese atualmente trabalhada é de que essas partículas poluentes contribuam para o inchaço do cérebro, causando danos nos nervos e alterações nos níveis de hormônios do estresse.

No entanto, os pesquisadores admitem estar muito atrasados ​​em entender os mecanismos pelos quais a poluição do ar pode afetar a saúde mental, junto de toda a comunidade científica. Grande parte desse desafio se deve a questões éticas. Afinal, não se pode expor, de forma potencializada, as pessoas a um ar nocivo, simplesmente, para estudar os efeitos tóxicos dessas partículas em seus cérebros.

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"Sabendo que isso não afeta apenas a saúde física, mas também pode estar prejudicando nossa saúde mental, penso que [a pesquisa] aumenta o peso do argumento por um ar mais limpo e pelas políticas que o alcancem", defende , principal autora do estudo.

Problema de saúde pública

Para entender o nível do problema, a poluição do ar matou 4,2 milhões de pessoas, principalmente nos países mais pobres, somente em 2016, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Dentro dessas zonas de maior risco, estão os países da África Central, destacando-se o Chade, onde cinco mil a cada dez mil pessoas morreram em decorrência do ar poluído.

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Além disso, cerca de 90% da população mundial vive em áreas onde a qualidade do ar é pior do que os padrões recomendados pela OMS. Segundo a organização, o ar só é definido como limpo quando apresenta uma concentração de partículas poluentes inferior a 10 microgramas por metro cúbico.

Na semana passada, a concentração dessas partículas em Nova York era de 15 microgramas por metro cúbico — nível considerado alto. Já em Nova Delhi, na Índia, a situação era ainda mais crítica com 500 microgramas. "Isso é algo a que todos estão expostos, o que é potencialmente preocupante", afirma Braithwaite.

Os resultados da UCL são particularmente preocupantes para os norte-americanos, onde a qualidade do ar vem diminuindo ano após ano. Segundo a Agência de Proteção Ambiental, foi registrado 15% a mais de dias com ar não saudável no país em 2017 e 2018, quando comparado com a média de 2013 a 2016.

Fonte: Vice