Cientistas criam "pistola de cola" que imprime enxerto ósseo direto na fratura
Por Nathan Vieira • Editado por Melissa Cruz Cossetti | •

Cientistas desenvolveram uma “pistola de cola” modificada capaz de imprimir enxertos ósseos 3D diretamente sobre fraturas. O estudo, publicado no início do mês na revista Cell Press Device, apresentou resultados promissores em testes com coelhos, mostrando maior regeneração óssea e menos riscos de infecção quando comparado a métodos tradicionais.
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O dispositivo foi criado a partir da adaptação de uma pistola de cola comum, mas ao invés de usar plástico, utiliza um filamento composto por policaprolactona (PCL) e hidroxiapatita (HA), uma combinação que imita a estrutura natural do osso e é biodegradável.
A PCL derrete em temperaturas baixas (cerca de 60 °C), permitindo a aplicação direta durante a cirurgia sem danificar os tecidos ao redor. Já a HA contribui para a formação de novo tecido ósseo, tornando o enxerto mais compatível com o organismo.
Vantagens para cirurgias complexas
Um dos grandes diferenciais da tecnologia é a possibilidade de imprimir o enxerto no próprio local da fratura, em tempo real. Isso elimina a necessidade de criar moldes personalizados antes da cirurgia, um processo que costumava levar horas ou dias.
Segundo os pesquisadores, a pistola é compacta e manual, permitindo ao cirurgião ajustar a direção e profundidade da aplicação durante o procedimento. Isso garante melhor encaixe em fraturas irregulares e reduz o tempo cirúrgico.
Prevenção de infecções e recuperação acelerada
Outro ponto de destaque é a inclusão de antibióticos, como vancomicina e gentamicina, incorporados ao filamento. Essas substâncias são liberadas gradualmente no local da cirurgia, ajudando a prevenir infecções sem os efeitos colaterais da administração sistêmica.
Nos testes com coelhos, o novo enxerto resultou em maior formação óssea, maior densidade e melhor integração com o osso saudável em comparação ao cimento ósseo tradicional.
Embora os resultados sejam animadores, os cientistas destacam que ainda são necessários estudos em animais maiores e padronização dos processos antes de avançar para testes clínicos da pistola de cola em humanos. Se aprovado, o método pode se tornar uma solução prática e imediata em cirurgias de trauma.
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Fonte: EurekAlert!