Cientistas criam dispositivo sem fio que monitora avanço do Mal de Parkinson
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Para avaliar a evolução do Mal de Parkinson, equipe de cientistas desenvolveu um dispositivo doméstico para ser usado em pacientes com este tipo de demência em casa. Do tamanho de um roteador Wi-Fi, o aparelho não usa fios e emite sinais de rádio para acompanhar oscilações no movimento dos indivíduos. Por enquanto, o uso é experimental.
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Publicado na revista científica Science Translational Medicine, o estudo que analisa a capacidade do dispositivo sem fio em acompanhar a evolução do Mal de Parkinson foi liderado por pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos. Outros centros de pesquisa estiveram envolvidos.
A ideia é que o aparelho seja instalado em uma área central da casa do paciente com Parkinson e, a partir dos dados coletados, os médicos possam acompanhar a evolução do quadro de demência, de forma remota. No futuro, tecnologia poderá ser usada em estudos clínicos para novos medicamentos que buscam retardar a doença.
“Esse sensor de ondas de rádio pode permitir que mais cuidados (e pesquisas) migrem dos hospitais para a casa, onde é mais desejado e necessário”, diz Ray Dorsey, professor de neurologia da Universidade de Rochester e um dos autores do estudo, em comunicado.
Anteriormente, testes com o mesmo dispositivo do MIT foram realizados para identificar oscilações na respiração de pacientes com Parkinson. Neste estudo, os resultados também foram promissores. Outras pesquisas experimentam o uso do smartwatch e do celular para medir o impacto do quadro na locomoção dos pacientes.
Como é feito o diagnóstico hoje do mal de Parkinson?
Vale lembrar que, no mundo, mais de 55 milhões de pessoas vivem com algum tipo de demência, sendo que o Parkinson é uma das mais comuns. Por ano, são diagnosticados pelo menos 10 milhões de novos casos, segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Apesar da alta incidência do Mal de Parkinson, faltam alternativas para o diagnóstico. Hoje, a maioria dos pacientes com acesso à saúde é diagnosticada a partir de testes que envolvem habilidades motoras e funções cognitivas, durante uma visita ao consultório médico.
No entanto, mais de 40% pessoas com o quadro não irão passar por um neurologista, segundo estimativa dos pesquisadores. Isso acontece por questões financeiras ou por dificuldades de locomoção. Neste cenário, novas alternativas são mais que necessárias, como a do dispositivo sem fio do MIT.
Como funciona o dispositivo sem fio para monitorar o Parkinson?
Os cientistas explicam que o novo dispositivo coleta dados passivamente, através de sinais de rádio que refletem no corpo do paciente, enquanto ele se move pela casa. Para isso, o indivíduo não precisa usar nenhum dispositivo específico, como um smartwatch, ou mudar seu comportamento diários.
A vantagem é que os sinais de rádio atravessam paredes e outros objetos sólidos, mas são sempre refletidos pelos humanos — devido à água do corpo. Dessa forma, não é necessário ter um dispositivo por cômodo. Os sinais de baixa potência não interferem e nem sofrem interferência de outros dispositivos sem fio em casa. Basicamente, é um "radar humano" para pessoas com Mal de Parkinson.
A eficácia da tecnologia foi validada e desenvolvida a partir de um experimento com 50 participantes, sendo que 34 tinham Parkinson. Através dos testes, foi possível identificar alterações na marcha dos pacientes e aprender melhor sobre a evolução do quadro. No entanto, mais estudos ainda são necessários para que se torne comercialmente viável.
Fonte: Science Translational Medicine e MIT