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Cientistas conseguem rejuvenescer células de roedores

Por| Editado por Luciana Zaramela | 10 de Março de 2022 às 08h30

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Twenty20photos/Envato Elements
Twenty20photos/Envato Elements

A partir de um tratamento inovador, uma equipe de cientistas norte-americanos anunciou que foi possível rejuvenescer geneticamente as células de roedores. Em outras palavras, reverteram o processo de envelhecimento nos animais de meia-idade e idosos, sem gerar nenhum tipo de problema de saúde, como a formação de tumores. No futuro, a descoberta poderá ser aplicada em humanos.

Publicado na revista científica Nature Aging, o estudo foi liderado por pesquisadores do Instituto Salk e da empresa de biotecnologia Genentech — parte do grupo Roche —, ambos localizados nos Estados Unidos.

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“Estamos entusiasmados por podermos usar essa abordagem ao longo da vida para retardar o envelhecimento em animais normais. A técnica é segura e eficaz em camundongos”, defendeu Juan Carlos Izpisua Belmonte, co-autor do estudo e professor do Instituo Salk, em comunicado.

Como funciona o tratamento de rejuvenescimento genético?

Vale explicar que, durante o processo de envelhecimento, não é apenas a aparência externa e as condições de saúde que mudam. Na verdade, as células de pessoas ou animais mais velhos carregam mudanças estruturais e apresentam diferentes marcadores epigenéticos daquelas dos mais jovens.

Para reprogramar esses marcadores, a equipe de pesquisidores utilizou, na composição do novo tratamento, os fatores Yamanaka. Tal composto é uma mistura de quatro moléculas de reprogramação (Oct4, Sox2, Klf4 e cMyc). Na ciência, os fatores já são usados para fazer que células adultas regridam para células-tronco.

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No experimento, os cientistas testaram três modelos de tratamento com os fatores Yamanaka e incluíram um grupo controle:

  • Primeiro grupo de roedores: recebeu doses regulares dos fatores, dos 15 até os 22 meses. Em idade humana, o período equivale dos 50 aos 70 anos;
  • Segundo grupo: dos 12 aos 22 meses, foi tratado com os fatores. Isso equivale a pessoas que têm entre 35 e 70 anos;
  • Terceiro grupo: este recebeu apenas um mês de tratamento aos 25 meses. O período representa os 80 anos humanos;
  • Grupo controle: os animais não receberam nenhum tipo de tratamento.

Durante os testes, "não observamos nenhum efeito negativo na saúde, no comportamento ou no peso desses animais", explica Pradeep Reddy, um dos autores do estudo. Além disso, não foram identificadas mudanças nas células sanguíneas ou alterações neurológicas nos camundongos que receberam os fatores Yamanaka, e nem a presença de tumores.

Segundo a equipe, estas evidências apontam para a segurança do tratamento, pelo menos nos roedores. Por outro lado, os sinais do rejuvenescimento foram observados na maioria dos animais tratados, principalmente nos rins e na pele. Além disso, os marcadores epigenéticos se assemelhavam aos padrões observados nos mais jovens.

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Curiosamente, os benefícios do tratamento foram mais intensos nos roedores que receberam os fatores Yamanaka por sete a 10 meses. Dessa forma, os animais que receberam apenas um mês de tratamento e eram mais velhos não obtiveram as vantagens observadas.

Descoberta pode ser aplicada em humanos?

Por enquanto, a equipe de pesquisadores não planeja iniciar os testes do potencial tratamento em humanos, mas apostam que, no futuro, isso será possível. Em teoria, a reversão da idade biológica poderia ser possível, mas a compreensão deste processo, hoje, ainda é preliminar, segundo os autores do estudo.

“Além de combater doenças relacionadas à idade, essa abordagem pode fornecer à comunidade biomédica uma nova ferramenta para restaurar a saúde dos tecidos e do organismo, melhorando a função e a resiliência das células em diferentes situações, como doenças neurodegenerativas”, completa Belmonte.

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Fonte: Nature Aging e Salk News